Putin rejeita isolamento internacional e prevê futuro "auto-suficiente"
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou ontem um cenário de isolamento internacional do país, prometendo à população um futuro "autossuficiente", em pleno período de contraofensiva ucraniana que tenta recuperar posições no leste e sul do país.
"O nosso futuro depende de nós", afirmou Putin durante a sua intervenção no Fórum Económico Oriental de Vladivostok, na qual delineou uma imagem vitoriosa da situação na frente de guerra na Ucrânia, onde, segundo Kiev e os aliados ocidentais, regista pesadas perdas.
O líder da Rússia sublinhou que todos os russos, desde cientistas a empresários, camponeses e artistas, dão o seu contributo para que o país seja "autossuficiente, incluindo nas esferas da segurança e defesa".
"Isto não significa isolamento, porque em cooperação com os nossos parceiros e amigos vamos desenvolver o país e torná-lo mais forte" para "conservar a alma da Rússia".
Putin deverá encontrar-se nas próximas horas com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que chegou hoje à Rússia, segundo o Ministério da Defesa sul-coreano.
O encontro entre Putin e Kim, que viajou acompanhado de uma delegação de responsáveis militares que gerem o armamento nuclear norte-coreano, tem suscitado preocupações por parte de países ocidentais, que receiam um potencial negócio de armas para a guerra na Ucrânia.
Numa referência à situação na linha da frente na Ucrânia, Putin assegurou que a contraofensiva desencadeada há três meses por Kiev "não tem resultados".
"Registam muitas perdas", destacou, antes de rotular a contraofensiva de "fracasso" à semelhança de outras ocasiões.
Ao comentar os planos dos aliados de Kiev para o fornecimento de caças F-16, Putin assegurou que o envio desses aparelhos não alterará a relação de forças no terreno.
"Vão simplesmente fazer escalar o conflito", assegurou, ao assinalar que a chegada de munições de fragmentação à Ucrânia não alterou a situação na frente.
Em simultâneo, excluiu a possibilidade de negociar com Kiev enquanto permanecer a contraofensiva.
"Eles vão contra-atacar, e nós dizemos que paramos?", interrogou-se.
Segundo Putin, o fim das ações militares e o início de negociações depende da disponibilidade de Kiev para revogar o decreto do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que proíbe negociações com a Rússia.
Ao confirmar a decisão russa de conduzir esta guerra até ao final, afirmou que nos últimos seis a sete meses cerca de 270.000 russos optaram por se alistar nas Forças Armadas e assinar contratos profissionais.
"Promovemos previamente uma mobilização parcial e chamámos às fileiras 300.000 pessoas. Agora, nos últimos seis ou sete meses, 270.000 pessoas assinaram livremente contratos para servir nas Forças Armadas e em unidades de voluntários", disse.
"Este processo continua. Diariamente, 1.000 a 1.500 pessoas assinam contratos", disse, evitando confirmar uma eventual nova vaga de mobilização que poderá suscitar protestos da população.
Na frente de batalha na Ucrânia, o porta-voz do estado-maior ucraniano, Andri Kovalov, registou "progressos" das suas forças a sul e leste da localidade de Robotyne, região sul de Zaporijia, com a consolidação do "terreno recuperado".
Kovalov disse ainda que o Exército russo tenta reposicionar-se e recuperar das baixas, prosseguindo o ataque às forças ucranianas neste setor.
Por sua vez, o Ministério da Defesa russo não reconheceu qualquer avanço das forças ucranianas e limitou-se a referir que repeliu todos os ataques e infligiu pesadas perdas em homens e material ao inimigo.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.