Partido de Putin vence eleições regionais nas regiões anexadas do leste ucraniano
A Comissão eleitoral central da Rússia indicou hoje que o partido Rússia Unida do Presidente Vladimir Putin venceu por confortável maioria as eleições regionais nos quatro territórios anexados por Moscovo na Ucrânia.
As comissões eleitorais impostas por Moscovo em Lugansk, Donetsk, Zaporijia e Kherson, num escrutínio destinado a legitimar politicamente a anexação, indiciaram que cinco partidos com representação no Parlamento russo apresentaram candidatos às assembleias locais, com o partido de Putin a surgir destacado de acordo com os resultados preliminares.
Em Zaporijia, o partido do Kremlin obteve 83,96% dos votos com cerca de 60% dos boletins escrutinados. Em Kherson a Rússia Unida aproximava-se dos 87% dos votos, enquanto em Donetsk liderava com 79.56%.
Em Lugansk, a única região do leste da Ucrânia que a Rússia controla na quase totalidade, o Rússia Unida estava creditado com 74,72% com quase 54% dos votos contados.
A Comissão eleitoral central assegurou que a taxa de participação nas quatro províncias anexadas foi mais elevada que em outros territórios da Rússia, atingindo mais de 74% dos eleitores inscritos.
Na Rússia realizam-se hoje eleições diretas para governadores de 21 províncias, com 20 a elegerem deputados regionais e 17 a designarem deputados municipais.
Os Estados Unidos e a Ucrânia advertiram que os resultados destas "eleições" são pré-fabricados e à semelhança da generalidade dos países ocidentais e aliados (Canadá e Japão), da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Conselho da Europa, asseguraram que não vão reconhecer estas eleições "ilegais".
As eleições locais e regionais terminaram na Rússia às 18:00 (hora de Lisboa) após três dias de votação, mas nas regiões anexadas e onde o voto antecipado se iniciou há uma semana, as assembleias de voto encerraram cinco horas antes "por motivos de segurança".
A Rússia denunciou hoje ataques ucranianos contra locais de votação, com um responsável do ministério do Interior, Mikhail Davidiv, a acusar "bombardeamentos contra os colégios eleitorais e seus arredores, e tentativas e destinação de explosivos e 'drones'".
A presidente da Comissão eleitoral central, Ela Pamfiloca, disse que na madrugada de hoje uma assembleia de voto foi destruída em Zaporijia num "ato terrorista" com 'drones', enquanto a parte ucraniana também reivindicava um ataque à sede do Rússia Unida em Pologi, província de Zaporijia.
Apesar de as regiões anexadas se encontrarem perto da linha da frente, a Comissão eleitoral apenas cancelou as eleições locais num distrito e numa localidade da província russa de Belgoro, alvo de frequentes ataques.
A Ucrânia tem denunciado pressões sobre a população para comparecer neste escrutínio, com a Administração militar ucraniana de Lugansk a referir que os residentes foram "obrigados a votar nos candidatos sob a vigilância de agentes russos e das forças de segurança".
O estado-maior das Forças Armadas ucranianas também exortou os residentes nos territórios anexados a boicotarem estas eleições, e advertiu que serão utilizadas pela Rússia para futuras mobilizações.
Kiev considerou ainda que a maioria dos candidatos que se apresentaram às eleições "são utilizados pelos ocupantes para ocultar os verdadeiros líderes russos".
As assembleias legislativas eleitas nas regiões anexadas -- onde as populações já possuem passaporte russo -- terão 45 dias para eleger os governadores, apesar de os atuais líderes interinos merecerem o apoio do Presidnete russo: Denis Pushilin em Donetsk, Leonid Pasechnik en Lugansk, Yevgeni Balitski e, Zaporijia e Vladimir Saldo em Kherson.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.