Chega considera "muito importante" não haver maioria absoluta na Madeira
O cabeça de lista do Chega às eleições legislativas da Madeira, Miguel Castro, considerou hoje que seria "muito importante" a coligação PSD/CDS-PP não ter maioria absoluta, argumentando que, apesar de ser mais difícil governar nesse cenário, seria "mais democrático".
"Eu acho que seria muito importante, não só para o Chega, mas essencialmente para os madeirenses, se houvesse um Governo da Madeira que não fosse de maioria absoluta, até porque existem exemplos de outras governações em que se governa sem maiorias absolutas. Será com certeza mais difícil, mas também será mais democrático", afirmou.
O candidato acrescentou que um executivo que governe sem maioria absoluta "terá de ir ao parlamento discutir com os outros partidos as decisões que são tomadas para a região", o que será benéfico para a democracia.
Miguel Castro falava aos jornalistas na Festa das Vindimas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos (concelho de Câmara de Lobos), onde também esteve presente o presidente do partido, André Ventura, que se deslocou à Madeira no dia do arranque oficial da campanha eleitoral.
Os dois dirigentes, acompanhados de uma comitiva, percorreram a zona da festa, mesmo debaixo de chuva, e fizeram igualmente uma visita ao Mercado do Estreito de Câmara de Lobos, onde ouviram queixas e elogios.
Aos jornalistas, Miguel Castro considerou também que o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, está a dar "um tiro nos pés" ao afirmar que se não obtiver maioria absoluta "se vai embora".
"Porque está a assumir que só governa se tiver poder absoluto. Isso para nós não é democrático", argumentou o também funcionário público, reforçando que "as maiorias absolutas são inimigas das democracias".
"O que nós achamos é que, numa democracia clara e transparente, os partidos que fazem parte do parlamento devem participar também na governação", defendeu.
Questionado se o partido parte para as eleições regionais com mais energia, depois de o Tribunal Constitucional ter viabilizado a sua candidatura, Miguel Castro disse que vai "mais sereno", mas com a mesma força.
"A nossa força inicial era exatamente esta que temos agora. As pessoas é que acabaram por ver que afinal a verdade veio ao de cima e as instâncias judiciais funcionaram, e vamos a eleições. E só no dia das eleições é que vamos ver depois o resultado", declarou.
O partido foi alvo de dois recursos que pretendiam inviabilizar a sua candidatura, mas o Tribunal Constitucional indeferiu ambos.
Os dois queixosos (o partido ADN e um militante do Chega) reclamavam que a candidatura não fosse admitida, considerando o acórdão do Tribunal Constitucional n.º 520/2023, que declarou inválida a V Convenção Nacional do Chega.
As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.