Madeira

Familiares desesperam por informações sobre doentes que estão nas urgências

SESARAM reconhece demora no atendimento dos doentes devido ao ataque informático. Há quem espere mais de 24 horas para fazer uma exame complementar de diagnóstico

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Foto DR

Nos últimos três dias têm sido recorrentes as queixas de familiares de doentes que deram entrada no Serviço de Urgência, apontando a forma como tem sido disponibilizada informação sobre o estado de saúde ou a condição em que se encontram essas pessoas.

Ontem e hoje, ao longo do dia, por diversos momentos, os ânimos não foram contidos, tal era a insatisfação perante a ausência de informação, sobretudo quando em causa estavam pessoas dependentes, desorientadas e sem acesso ao telemóvel para poderem contactar com os familiares. Ao DIÁRIO têm chegado vários relatos de situações deste género.

“Isto está um caos”, apontou um dos queixosos, que há mais de 24 horas não sabe ao certo em que situação se encontra o seu progenitor de idade avançada, que além do problema de saúde que o levou à urgência, tem outras doenças crónicas que exigem atenção redobrada na alimentação, medicação diária e todo um conjunto de cuidados que, não sendo atendidos, podem fazer piorar o seu estado de saúde de base.

Na lista de queixas entram, também, a demorada para a realização de exames complementares de diagnóstico, como Raio-X ou análises, com esperas que, em alguns casos, tem ido além do tempo aceitável, mesmo atendendo à situação que se vive no Hospital Dr. Nélio Mendonça e noutras unidades públicas de saúde da Região, em consequência do ataque informático.

Muitos até dizem compreender que as dificuldades geradas por esta situação, mas pedem medidas urgentes para minimizar o impacto, sobretudo no tratamento atempado dos doentes que chegam às Urgências. “Com exames a demorarem mais de 24 horas, como fica uma pessoa que chega ao hospital com um problema de saúde?”, interroga-se outro familiar.

O DIÁRIO questionou o Serviço Regional de Saúde (SESARAM) sobre estas situações e queixas. Em reposta, aquela empresa pública referiu que “estão a ser realizados todos os esforços para agilizar, de forma rápida e segura, a transmissão de informação referente aos utentes”.

A par disso, reafirmou o que já tem sido tornado público em relação às comunicações com o exterior, relembrando que as mesmas foram “restabelecidas” no dia 7 de Agosto. “Até a esse restabelecimento as informações foram prestadas, apenas, a quem se deslocava presencialmente ao GAF [Gabinete de Apoio à Família].

“Neste momento, as linhas telefónicas estão funcionar em pleno, pelo que qualquer familiar que entre em contacto com o Serviço Regional de Saúde consegue obter informação referente à entrada e permanência do utente no serviço, bem como garantir a fidelização do seu contacto em caso de alta, internamento ou contacto da área clínica para esclarecimentos com os familiares”, apontou o SESARAM.

Sobre a espera prolongada para receber informações junto do GAF, o Serviço Regional de Saúde nota que “o acolhimento do familiar é imediato”, realçando, ainda assim, que o atendimento obedece “à ordem de chegada do familiar ao nosso balcão”, momento em que se registam as demoradas filas que têm sido referidas ao DIÁRIO.

Salvaguardando que o envio de informação sobre o estado de um doente que entre no hospital através de SMS está suspenso, em virtude de inacessibilidade ao ATRIUM (programa informático de gestão de doentes), a mesma fonte esclarece que “a disponibilização de informações passiveis de serem dadas pelos colaboradores do serviço atendendo ao RGPD e ao seu caracter funcional, e face a falha informática, carecem de uma deslocação ao interior do SU, para averiguação junto das equipas clínicas, estando os colaboradores pendentes da disponibilidade dos clínicos para qualquer esclarecimento”.

Quanto ao maior tempo de espera para atendimento no Serviço de Urgência, o SESARAM confirma que o mesmo “mantém a sua actividade com alguma morosidade o que implica maior permanência dos utentes”, voltando a apelar a que os familiares de utentes com alta clínica (as chamadas ‘altas problemáticas’), “para os receber de volta no seu domicílio”, garantindo que “o SESARAM disponibiliza apoio de ajudas técnicas”.