Obrigado Francisco!
Cabe também à multidão entusiasmada escrutinar os efeitos das mensagens que o Papa deixa em Portugal
Boa noite!
O Papa Francisco veio a Portugal assumir um 'mea culpa' pelos crimes da Igreja, alertar para as ilusões do mundo virtual e deixar um sem número de mensagens adequadas aos destinatários de cada momento, mesmo que classificadas nalguns meios como recados, como se a opção pela língua que melhor lhe permitiu o improviso em quase uma dezena de intervenções não fosse suficientemente eloquente.
Repetiu até à exaustão que preconiza uma Igreja sem portas, atenta à modernidade e com espaço para todos. Resta saber se quem cá fica e manda, terá coragem para acabar com preconceitos, promoverá os diferentes e destrancará as fechaduras que guardam as hipocrisias e os cinismos.
Exortou a que na difícil batalha diária pela justiça e pela paz não haja medo. Resta saber se os fantasmas já estarão todos exorcizados, se as perseguições paroquiais não ganham outros contornos e se os ódios de estimação foram sepultados definitivamente no confessionário do perdão.
E desafiou os jovens para que na cruzada da esperança sejam capazes de "cavalgar as ondas da caridade", assumindo-se como "surfistas do amor". Resta saber se quem anda a remar contra a maré não acaba exausto na praia.
Mas disse mais. Para bem mais de milhão e meio de peregrinos e estrelas, mesmo que nem todos tivessem percebido o alcance a longo prazo e o desafio do projecto papal partilhado na Jornada Mundial da Juventude.
Há frases que dão que pensar, algumas das quais incluídas no DJ set do padre Guilherme!, frases que merecem ser seguidas de perto nos próximos tempos em cada lugar que se deixou tocar pela onda de bondade vivida em Portugal.
Há uma que tem tanto de postura ancestral da própria Igreja, ditada quase sempre do alto dos altares-palco da sua existência, como de nova visão redentora da humanidade crente ou disponível para a tolerância, para que a humilhação e a sobranceria dê lugar à compreensão e à solidariedade.
A única situação em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para ajudá-la a levantar-se”
Há outra que devia mexer com os políticos e decisores, nem sempre capazes de ter soluções para os problemas que os egoísmos geram e que tendem a lavar as mãos para que ninguém note a incompetência que sangra.
Para onde navegais, Europa e Ocidente, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios?"
E há uma terceira que nos impele para aventura diária que faz da nossa missão incómoda um incontornável bem comum.
Nunca te canses de perguntar. Fazer perguntas é bom (...) quem pergunta permanece inquieto e a inquietação é o melhor remédio contra a habituação, aquela normalidade rasteira que anestesia a alma."
Por estas e por outras em que o Papa tentou acima de tudo ser farol e semente de esperança, obrigado Francisco!