Documentário da televisão estatal chinesa exibe capacidade militar para atacar Taiwan
Um novo documentário produzido pela televisão estatal chinesa CCTV enalteceu a preparação das Forças Armadas chinesas para atacar Taiwan, numa altura em que Pequim intensifica a sua estratégia de intimidação sobre o território.
"Chasing Dreams" ("Atrás do Sonho", em português) , um documentário de oito episódios exibido pela CCTV esta semana, para marcar o 96.º aniversário do Exército de Libertação Popular, apresenta exercícios militares e depoimentos de dezenas de soldados, entre os quais vários dizem estar dispostos a sacrificar a vida num possível ataque contra Taiwan.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
A imprensa estatal e o Exército chinês frequentemente divulgam conteúdo propagandístico sobre a modernização do exército, visando inflamar o crescente nacionalismo chinês e mostrar confiança contra Taiwan e os Estados Unidos, o principal aliado da ilha.
Embora os EUA não reconheçam Taiwan como um país soberano, Washington comprometeu-se a ajudar a ilha a defender-se no caso de invasão.
No mês passado, a Casa Branca anunciou um pacote de ajuda militar de 345 milhões de dólares (315 milhões de euros) para Taiwan.
O documentário "Chasing Dreams" apresentou, entre outras coisas, os exercícios "Joint Sword" do Exército de Libertação Popular, que simularam ataques de precisão contra Taiwan.
Os exercícios foram realizados ao redor da ilha, em abril passado, após a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, ter visitado os Estados Unidos.
Entre as partes mais dramáticas do documentário estão as promessas de soldados de várias divisões a expressarem a disposição de se sacrificarem num possível ataque contra Taiwan.
"Se a guerra estourar e as condições forem muito difíceis para remover com segurança as minas navais em combate real, usaríamos os nossos próprios corpos para abrir um caminho seguro para as nossas forças aterrarem", disse Zuo Feng, um soldado da unidade caça-minas.
Li Peng, um piloto do Esquadrão Wang Hai da Força Aérea chinesa, disse que o seu "jato de combate seria o último míssil avançando em direção ao inimigo numa batalha real", se tivesse usado já toda a munição.
Fan Lizhong, comandante da unidade de táticas especiais, disse no documentário que, embora seja doloroso perder companheiros, ele deve manter a calma para responder a emergências e estar sempre pronto para lutar.
O documentário também apresenta o Shandong, um dos três porta-aviões da China, a navegar em formação com vários outros navios de guerra.
As Forças Armadas chinesas repetidamente despacharam o Shandong para o Estreito de Taiwan nos últimos meses. Aviões de guerra chineses também cruzaram a linha mediana do estreito, uma zona de demarcação informal entre a China e Taiwan, com relativa frequência, nos últimos dois anos.