Kiev confirma ataque com 'drones' a petroleiro russo no Estreito de Kerch
A Ucrânia atacou hoje um petroleiro russo no Estreito de Kerch, disse à AFP uma fonte dos serviços de segurança ucranianos (SBU), um dia depois de um ataque contra um navio também da Rússia mas no Mar Negro.
"Durante a noite, o SBU fez explodir o 'SIG', um importante petroleiro da Federação Russa que transportava combustível para os soldados russos", disse a fonte, acrescentando que tinha levado a cabo "outra operação especial bem-sucedida em coordenação com a Marinha".
O ataque, que sucedeu a um outro contra um navio de guerra numa base militar russa no Mar Negro, adensa a tensão na região entre russos e ucranianos.
O número de ataques na região aumentou de ambos os lados desde que Moscovo se recusou, em meados de julho, a renovar o acordo negociado pela ONU que permitia a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, apesar da guerra iniciada com a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.
Sobre o ataque ao 'SIG', os serviços secretos da Ucrânia adiantaram que a "nova operação especial" foi realizada "com sucesso" e em coordenação com a Marinha nas águas territoriais ucranianas, utilizando um 'drone' naval e explosivos.
Esta fonte confirmou o ataque, que já tinha sido noticiado pela Agência Federal de Transporte Marítimo e Fluvial da Rússia no Telegram e pela agência russa RIA Novosti, especificando que não houve vítimas.
Segundo a agência, o navio-tanque russo SIG foi atingido por volta das 23h20 (21:20 de sexta-feira em Lisboa GMT) a sul do estreito de Kerch.
O navio sofreu um buraco na linha de água na zona da casa das máquinas, "provavelmente em resultado de um ataque de um drone naval".
"O navio está a flutuar" e estão a ser feitos preparativos para reparar os danos, acrescentou. O site Marine Traffic mostrou o navio parado, assistido por rebocadores, na parte sul do estreito.
O navio está sujeito às sanções norte-americanas por ter fornecido parafina às forças russas durante a guerra na Síria.
O tráfego na ponte que liga a península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, à Rússia foi suspenso durante três horas antes de ser retomado no início de hoje, segundo o centro de informação das autoestradas russas. A ponte é utilizada para transportar abastecimentos para os militares russos na frente ucraniana.
O barco tinha 11 pessoas a bordo e vários membros da tripulação ficaram feridos por estilhaços de vidro durante o ataque, disse um funcionário nomeado pela Rússia na região ucraniana de Zaporijia, Vladimir Rogov, na plataforma de mensagens Telegram.
Também a agência de notícias ucraniana UNIAN avançou que o ataque contra o petroleiro 'SIG', vindo da Turquia, fez a embarcação balançar entre um e dois graus e provocou uma inundação da casa das máquinas.
O impacto do drone, ocorrido a cerca de 50 quilómetros do estreito de Kerch, causou uma detonação que foi vista da península da Crimeia e deixou o navio incapaz de se mover.
Pouco depois da meia-noite (21:00 de sexta-feira em Lisboa), várias explosões também ocorreram na área da ponte Kerch, e houve relatos de um ataque de aparelhos marítimos e aéreos não tripulados.
Os residentes indicaram que ouviram uma forte explosão na área de Yakovenko.
Esta semana, as autoridades russas reportaram várias tentativas de ataques a navios civis e militares na zona do Mar Negro, que têm aumentado desde que a Rússia decidiu retirar-se do acordo ucraniano de exportação de cereais, a 17 de julho, acusando a Ucrânia de incumprir a sua parte do plano.
Tanto Kiev como Moscovo anunciaram, após a rutura do acordo, alcançado pela primeira vez em julho de 2022, que todos os navios que navegam nas águas do Mar Negro serão considerados transportes de carga militar.