Jornada Mundial da Juventude País

Papa pede aos jovens para sujarem as mãos contra a pobreza

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Os jovens estiveram hoje no centro do terceiro dia da visita do Papa Francisco a Lisboa, marcado também pelo desafio que deixou de que é necessário não ter nojo da pobreza e de sujar as mãos por ela.

Em Portugal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e num dia precisamente com muito contacto com os jovens, os protagonistas da JMJ, o Papa começou a manhã ouvindo em confissão três deles (um espanhol, uma guatemalteca e um italiano) num dos 150 confessionários instalados no Jardim Vasco da Gama, em Belém.

Francisco foi durante alguns minutos um dos 150 sacerdotes que ao longo da JMJ estão a ouvir confissões nas cinco línguas da Jornada. Dez a 15 mil pessoas são confessadas ali diariamente.

Antes, ainda na Nunciatura, já se tinha encontrado com uma mulher portuguesa que nasceu em 13 de maio de 1917, quando ocorreram os acontecimentos de Fátima, e com uma jovem que sofre de uma doença grave e a quem já tinha enviado uma mensagem em junho.

Durante a manhã, o Papa visitou o Cento Social Paroquial de São Vicente de Paulo, no bairro da Serafina, em Lisboa, onde e encontrou com representantes de centros de assistência sócio-caritativa.

Aos presentes disse que a caridade é a origem e a meta do caminho cristão, e defendeu proximidade aos mais frágeis, sem distinção, pedindo-lhes que se questionem se têm nojo da pobreza e desafiando-os a sujar as mãos.

"O amor concreto" é o "que suja as mãos", afirmou.

Palavras num bairro pobre de Lisboa, onde foi recebido com aplausos de centenas de pessoas que gritavam "Viva o Papa".

No regresso à Nunciatura, o Papa recebeu representantes de várias confissões, com todas a dizerem que se reveem nos apelos de Francisco para o diálogo, para a fraternidade, para a construção de pontes, para a igual dignidade de todas as religiões.

O Papa almoçou com jovens dos cinco continentes, com quem debateu temas como o aborto e a eutanásia e a quem pediu que apoiem os idosos e que rezem.

Francisco voltou, disseram os participantes, a manifestar-se contra a cultura do descarte, afirmando que todos os seres humanos são preciosos e importantes.

Hoje foi ainda divulgada uma entrevista do Papa, na qual afirmou que os transexuais são "filhos de Deus" e referiu que o Vaticano pretende nomear um representante permanente que "faça a ponte" entre Moscovo e Kiev sobre o regresso de crianças ucranianas deportadas.

Francisco regressou ao Parque Eduardo VII, por agora chamado 'Colina do Encontro', para acompanhar como peregrino a Via-Sacra, que teve como tema de fundo "a "vulnerabilidade e a fragilidade" com que todos se confrontam no dia-a-dia.

O Presidente da República, também no local, disse aos jornalistas que no final da JMJ o desafio é saber qual a projeção do evento e como tirar partido dele, e defendeu que é preciso dar aos jovens um papel político muito maior.

E o Papa Francisco, depois de um percurso com milhares de pessoas nas ruas, e mais 800 mil no Parque, segundo a organização, disse aos peregrinos que Jesus é o caminho e a resposta às lágrimas dos jovens, desafiando-os a acompanhar Cristo para voltarem a sorrir.

Guerra, intolerância, depressão, alterações climáticas e dependências foram algumas das "fragilidades da sociedade que afetam os jovens atualmente" abordadas durante a Via-Sacra, uma prática católica na qual se revive em oração, os 14 momentos das últimas horas de vida de Jesus.

O dia para Francisco terminou como começou, com jovens. E porque no sábado é dia de uma passagem por Fátima o dia de hoje da JMJ foi também de referências ao santuário, onde o autarca de Ourém espera 500 mil pessoas.

Mas o dia da JMJ teve ainda outros protagonistas, as centenas de pessoas que se manifestaram em Lisboa contra a realização da Jornada e contra a Igreja Católica, num protesto organizado pelo movimento de cidadãos "Sem Papas na Língua".

Contestando sobretudo os elevados gastos públicos por parte do Estado e das autarquias com a JMJ, que começou na terça-feira e termina no domingo, os manifestantes empunharam cartazes com referências também aos abusos sexuais no seio da Igreja Católica.