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Acalmia do Além

O Chefe de Estado do faustoso Vaticano atrai ao laico e depenado Portugal, juventude, e garantem os economistas, muitos euros. Tentando estancar a sangria de fiéis e a erosão dos dogmas outrora inquestionáveis, está um frágil Jorge, feito divino-Francisco, oriundo do “fim do mundo”, com as imponentes vestes do epicentro da cristandade, a segurar o resto do império espiritual iniciado há dois milénios.

A dessacralização, a laicidade e um profundo anacronismo, impele a que a Santa Sé peregrine nestes tempos modernos, sob protocolo de Estado, mitigando a rebeldia axiológica dos seus rebanhos já sem os lobos da evangelização forçada dos novos mundos, sem a força da espada ou a pira excruciante destinada aos hereges, blasfemos e tipos como eu. Contudo como em qualquer organização humana, ainda há predadores que motivam e reclamam ainda muita contrição arrancada aos resistentes episcopados.

Os rastos de borracha assinalam a festa do rali. Apesar das espartanas dificuldades da vida real, registo a aposta dos principais patrocinadores de um setor económico em exponencial aceleração, que pretende ultrapassar o turismo e averbar novo recorde no pódio do PIB regional.

A Praia Formosa vai finalmente ser requalificada a reboque de um projeto imobiliário destinado a “residentes de alto-rendimento”. Como os promotores são a “crème de la crème” madeirense, a autarquia do Funchal desencadeou imediatamente as diligências administrativas do ordenamento territorial, para acelerar as fases desse ritual titânico, a que os comuns mortais se contorcem no penoso emaranhado burocrático, nas cabisbaixas reverências com os senhores da Câmara. O município afiançou com a solidez de um cedro libanês, que a praia continuará de acesso público, haverá áreas de lazer e centenas de estacionamentos (bem?) pagos.

A recente tempestade OSCAR, colocou no radar alguns desalojados que viviam no “ghetto” social do Canto do Muro III gerido pela empresa municipal Sociohabita. Apesar daquele bloco ter sido o último a ser edificado em 2002, a CMF teve, desde o início, relutância em aceitar a obra, devido às várias fragilidades profusamente noticiadas na época. Não sei se a tempestade de junho, foi o álibi perfeito para a autarquia parar de empurrar o imbróglio com a barriga, no respeitante à integridade física e segurança dos residentes enfiados naquele periclitante “abica-burros”.

O Congresso norte-americano dedicou uma audiência a alguns oficiais da marinha e força-aérea, sobre alegadas interações das autoridades com entidades alienígenas. Um dos oficiais afirmou a “enigmática” frase que bem podia constar nalgum Segredo de Fátima revelado pela Irmã Lúcia: «O que enfrentamos é muito superior ao que temos».