Turquia insiste em acordo de cereais mas Moscovo quer garantias
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, de visita a Moscovo, considerou hoje essencial o relançamento do acordo de exportação de cereais ucranianos, mas o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, disse precisar de mais garantias.
Moscovo retirou-se em julho deste acordo -- mediado pela Turquia e pelas Nações Unidas -- para o abastecimento alimentar global, criticando o facto de as exportações de cereais e fertilizantes russos terem sido dificultadas pelas sanções ocidentais.
"Reiteramos a nossa convicção de que a retoma do acordo restaurará a estabilidade", disse Fidan durante uma conferência de imprensa ao lado de Lavrov.
O ministro russo frisou que a Rússia não se contentará apenas com promessas relativas às suas próprias exportações, exigindo "garantias com um resultado concreto que possa ser posto em prática".
"Se for este o caso, a implementação (do acordo) será retomada integralmente amanhã", disse o chefe da diplomacia russa.
Lavrov acusou o Ocidente de interferir nas exportações de produtos agrícolas e fertilizantes da Rússia, que, tal como a Ucrânia, é um grande produtor mundial, acrescentando que discutiu com o seu homólogo turco a possibilidade de fornecer cereais russos à Turquia a preços promocionais.
De acordo com os 'media' turcos, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, deverá deslocar-se a Sochi, nas margens do Mar Negro, no dia 04 de setembro, para discutir o relançamento do acordo de cereais com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que enviou uma carta a Serguei Lavrov com "um conjunto de propostas concretas" para relançar o acordo, que considerou "extremamente importante".
"Tivemos em conta os pedidos da Rússia", assegurou Guterres, acrescentando que desta vez quer um acordo estável, evitando o risco de nova suspensão.
Lavrov já reagiu a essa carta, explicando que, para já, "ainda não há garantias", mas "apenas promessas", na mensagem de Guterres.