Helicóptero que salva vidas
Ontem, no Pico do Arieiro, aquilo que poderia vir a ser uma tragédia foi controlada. Devido ao meio aéreo que a Região tem e paga (sozinha), para combater incêndios e para busca e resgate de pessoas. E também devido ao heroísmo dos nossos bombeiros (mais uma vez).
Foi mais um caso de vidas que se salvam (a vereda que liga o Pico do Arieiro ao Pico Ruivo estava apinhada e o fogo na proximidade do acesso chegou a assustar), de eficiência demonstrada pelo POCIR, mas, sobretudo, mais um exemplo de que o Governo Regional estava certo quando, em 2019, resolveu assegurar, então durante o período de verão, um helicóptero de combate aos fogos florestais.
Em 2022, o Governo Regional deu um passo ainda maior: lançou concurso para garantir meio aéreo durante todo o ano, com um helicóptero maior e mais bem preparado e ainda disponível para assegurar uma resposta integrada ao nível da busca e salvamento de pessoas, nomeadamente nas serras madeirenses.
Para se ter uma ideia, e segundo os dados que vêm surgindo na Comunicação Social, nomeadamente no DN, este ano já se resgataram 17 pessoas, no âmbito de 14 missões de busca e salvamento realizadas pelo meio aéreo.
E, a partir de 1 de junho, altura em que entrou em vigor o Plano Operacional de Combate aos Incêndios Rurais (POCIR)-, participou em grande parte do combate a 154 fogos rurais (dos quais 80% - 123 – tiveram origem queimadas não autorizadas, algo que por si só deve ser também alvo de reflexão).
Se não tivéssemos o meio aéreo, se o Governo não tivesse, em boa hora, investido neste novo serviço à população, alargando o seu âmbito e permitindo que o mesmo decorra durante todo o ano, estejam certos que já teria ardido muito mais área florestal (então nestes dias de intenso calor…), já teríamos muito mais prejuízos, possivelmente já se teriam perdido vidas humanas.
O lamentável, nesta história, é que Lisboa continue a se esquecer que a Madeira também é território português, que a floresta madeirense (a Laurissilva que é património mundial) também é recurso nacional, que as novas levadas são um ex-libris de Portugal, que os madeirenses e porto-santenses são portugueses e que também merecem ser protegidos.
Porque, é preciso não deixar esquecer isto, Lisboa continua sem assumir as suas responsabilidades, escusando-se a pagar a sua parte dos custos com o meio aéreo, não obstante tal ter figurado em Orçamentos de Estado mais recentes. Ou seja, Lisboa paga para proteger a vida dos outros portugueses, os bens dos outros portugueses, as serras dos outros portugueses. Mas, os da Madeira não!
Ângelo Silva