Jornada Mundial da Juventude País

Milhares de peregrinos preenchem Parque Eduardo VII para receber Papa

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De bandeiras em punho, milhares de peregrinos preenchiam pelas 16:15 o Parque Eduardo VII, em Lisboa, para receber hoje ao final da tarde o Papa Francisco, que preside à cerimónia de Acolhimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Para cima e para baixo, os peregrinos andavam apressados para escolher o melhor sítio para o primeiro encontro com o líder da Igreja Católica, lamentando os casos de abusos sexuais.

"É uma história muito má. Eu escutei sobre isso, mas não foi muito discutido na nossa comunidade", adiantou à agência Lusa Anthony Bunly, do Cambodja.

Sobre a JMJ, o cambojano disse que se trata de um encontro de união.

"Quando me juntei a este evento vi tantas bandeiras que não reconhecia. Toda a gente tem mostrado as bandeiras. E eu gosto de perceber o que move as pessoas. O que move as pessoas? Esta é a minha questão", realçou.

Anthony Bunly explicou que, para si, o evento católico é sobre fé, amor e comunhão.

"Deus trouxe-nos a todos para aqui. Vimos de um país pequeno de uma igreja pequena, de uma igreja velha, de uma igreja nova. O importante para mim é a fé e o amor de Deus e estarmos juntos", realçou.

Ao seu lado, com um chapéu-de-chuva para se resguardar do intenso sol que ilumina e aquece o Parque Eduardo VII, apareceu Rom Oddan, também do Cambjoda, que se estreia numa JMJ.

"É a primeira vez que participo na JMJ. Vejo muita gente, pessoas boas. A comida, o ambiente. Tudo o que acontece aqui é perfeito", afirmou.

Mais abaixo, um brasileiro do estado de São Paulo, que participa pela quarta vez na JMJ, disse estar "impressionado com a organização do evento e com o acolhimento do povo português".

"É a quarta Jornada Mundial da Juventude em que eu participo e tem sido muito bom de se ver a juventude presente e a testemunhar a fé em Jesus Cristo", salientou Christie Fiorentini.

Considerando que o Papa "tem uma mensagem muito positiva para o homem moderno", o peregrino paulista observou que o tema dos abusos sexuais "é um ponto delicado".

"O Papa, desde o início do seu pontificado, falou em acolher. Neste momento, ele quer acolher, acolher as feridas. Livrar as pessoas do julgamento. Esse acolhimento é muito importante para Jesus. Não ao julgamento, sim ao acolhimento", frisou.

Christie Fiorentini disse ainda que soube da lista de mais de 4.000 vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica Portuguesa, referindo que "é um problema do mundo inteiro".

"Nós convivemos com Igreja santa e pecadora. Santa, porque foi criada por Deus, e é pecadora, porque é formada pelos homens. Temos de rezar por essas questões e procurar trabalhar para que isso não aconteça mais", sustentou.

Já o mexicano Alfredo Campos, do estado de Chiapas, disse estar a viver "uma experiência muito bonita".

"É a diversidade da fé, como os cristãos se exprimem. Para mim, a riqueza da diversidade de partilhar a fé e, sobretudo, com os jovens, que muito apaixonante", sublinhou, acrescentando que "é um sonho" poder ver o Papa.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a edição deste ano da JMJ, que termina no domingo, sendo esperadas mais de um milhão de pessoas.