João Crisóstomo de Aguiar
Morreu o amigo que me levou para a política. João Crisóstomo de Aguiar, ao entrar para o primeiro governo liderado por Alberto João Jardim, convidou-me para Director Regional de Transportes. Era Março de 1978. Recém licenciado, era colega profissional de João Crisóstomo e com ele convivia nas tertúlias ao final do dia. Hábito que se prolongou no tempo de actividade pública. Era uma amizade sincera que ultrapassava o protocolo das diferentes funções políticas. Era tempo de sonhar com a Autonomia e as capacidades “ilimitadas” de governo próprio regional. Os horizontes eram longínquos. Tudo parecia possível. E Crisóstomo de Aguiar tinha uma visão ampla sobre o futuro da Madeira. Acreditava ser possível levar a Madeira a patamares distintos de desenvolvimento. Falava das diferentes oportunidades que se deveriam avaliar. Foi o primeiro a falar em moeda própria. Nunca aceitou o atraso e a dependência externa da nossa economia. Lutava, sem descanso, por uma Madeira verdadeiramente autónoma. Que descanse em paz e seja uma eterna referência do combate político na Madeira.
Miguel de Sousa