Desporto

Onze membros do corpo técnico da seleção feminina espanhola demitem-se

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O 'staff' técnico da seleção feminina espanhola de futebol, num grupo de 11 pessoas e do qual não faz parte o selecionador Jorge Vilda, apresentou hoje a renúncia, em solidariedade à jogador Jenni Hermoso e restantes internacionais.

As 11 pessoas que assinam o comunicado manifestam a "mais firme e enfática condenação à conduta demonstrada pelo presidente da Real Federação espanhola de futebol (RFEF), Luís Rubiales, cuja versão dos factos não coincide com a deles.

Assim, "perante as inaceitáveis atitudes e manifestações do máximo dirigente" da RFEF, os signatários, Montse Tomé, Javier Lerga, Eugenio Gonzalo, Blanca Romero, Carlos Sánchez, Rubén Jiménez, Sonia Bermúdez, Javier Velázquez, Javier Egido, Ander Ruiz e Eelena Fernández, deixam os respetivos cargos.

Os adjuntos, analistas e preparadores dizem ainda apoiar em absoluto o comunicado das internacionais espanholas, bem como as declarações públicas de Hermoso, acrescentando o "incómodo" de terem sido convocados, com obrigatoriedade, à assembleia da RFEF.

"Várias integrantes da equipa técnica foram obrigadas a sentar-se na primeira fila, expondo a sua imagem e dando a entender à sociedade e às jogadoras que partilhavam da tese do presidente da RFEF", denunciaram ainda os elementos do corpo técnico.

Também hoje, e ao comunicado da equipa técnica feminina, com exceção do treinador Jorge Vilda, juntou-se o selecionador masculino Luís de La Fuente, que na AG de sexta-feira estava junto ao seu homólogo feminino e aplaudiu Rubiales.

"Os factos protagonizados por Luís Rubiales não respeitam o protocolo que deve existir nestas celebrações e não dignificam, nem são apropriados a uma pessoa que estava a representar todo o futebol espanhol", disse hoje o selecionador masculino.

De La Fuente tem sido muito criticado nas redes sociais, por censurar agora "sem paliativos", como o próprio diz, o comportamento do já suspenso, pela FIFA, presidente da Federação, quando na sexta-feira o aplaudia de pé.

As declarações do selecionador masculino foram enviadas em comunicado à agência EFE, com o responsável a indicar que as mesmas são também em nome da sua equipa técnica.

"Desejo que este desagradável episódio se encerre o mais rapidamente possível, a bem do futebol espanhol. Que os organismos competentes resolvam e tomem as decisões pertinentes, com a maior celeridade possível", referiu.

A polémica no futebol espanhol surgiu no domingo passado, durante as comemorações do inédito título mundial por parte da seleção feminina espanhola, que derrotou na final, disputada em Sydney, a Inglaterra por 1-0, quando, na altura da entrega dos prémios, Rubiales beijou na boca Hermoso, já depois de se ter agarrado aos testículos, em comemoração, na tribuna de honra.

Seguiram-se inúmeras críticas ao sucedido, tendo Hermoso afirmado que não tinha consentido o beijo, depois de numa primeira versão ter dito que tudo ocorreu num momento de maior euforia.

Depois de vários dias com muitas críticas por diversos setores da sociedade, a RFEF levou a cabo, na sexta-feira, uma Assembleia Geral Extraordinária, na qual era esperado o pedido de demissão de Rubiales, o que não veio a suceder, dando origem a um novo pico de contestação e extremado as posições, com as jogadoras a anunciarem não estarem disponíveis para representar a seleção enquanto os atuais dirigentes da RFEF se mantiverem nos cargos.

Já hoje, a FIFA, que tinha aberto um inquérito disciplinar, por existirem infrações passíveis de violação do código disciplinar, em matéria de dignidade e integridade, anunciou a suspensão do dirigente máximo da Federação espanhola.

"Decidimos suspender hoje provisoriamente Luis Rubiales de toda a atividade ligada ao futebol, nacional e internacionalmente", anunciou a instância que gere o futebol mundial em comunicado, adiantando que a suspensão terá uma duração inicial de 90 dias.