O vazio do executivo

À medida que nos aproximamos das eleições, assistimos a um desfile de promessas e programas de governo por parte dos diversos partidos políticos. No entanto, não podemos ignorar a estratégia de amnésia eleitoral que tem sido habilmente adotada por alguns partidos, sobretudo o PSD e o CDS.

É comum que os partidos apresentem ideias aparentemente inovadoras, supostamente destinadas a melhorar a vida dos cidadãos. Entretanto, é profundamente perturbador constatar que um partido que se mantém no poder há quase meio século continue a comprometer-se com bens e serviços básicos que, teoricamente, já deveriam estar assegurados. A habitação acessível para jovens casais e o saneamento básico em toda a região são exemplos flagrantes. O que deveria ser um avanço natural da sociedade madeirense parece ser, na verdade, um ciclo vicioso, no qual o governo destrói, apenas para reconstruir de forma temporária após as eleições, num esforço para se apresentar como um salvador infalível. Contudo, essa é uma narrativa que já não convence.

Outro aspecto que merece atenção é a inclinação persistente do executivo em tomar decisões que beneficiam os lobbies madeirenses, em detrimento dos interesses reais da população. Os problemas reais, que são evidentes para todos, são convenientemente negados por alguns deputados e até pelo próprio presidente da JSD-Madeira (alegadamente…), como é o caso da taxa de risco de pobreza e exclusão social que afeta cerca de um terço da população. A imagem de pessoas sem-abrigo, convenientemente afastada das portas dos hotéis luxuosos, é um lembrete cruel de como a administração atual prioriza uma fachada de prosperidade em vez de enfrentar as verdadeiras questões.

Não se trata apenas de negligência em relação às pessoas, mas também em relação a questões ambientais, como a transferência de águas residuais para Câmara de Lobos. A realidade que não convém à imagem idealizada é relegada às zonas periféricas, como se o governo preferisse manter a ilusão em vez de lidar com a realidade inconveniente.

Diante dessa situação, os madeirenses enfrentam uma escolha fundamental. Ou aprendem com os erros do passado e buscam alternativas políticas que rompam com esse ciclo vicioso, ou aceitam continuar no caos de um governo desgastado, que parece vazio de ideias e incapaz de enfrentar os problemas reais da população. A verdadeira decisão está entre perpetuar um status quo insatisfatório ou exigir uma mudança que realmente ressoe com as necessidades e aspirações do povo madeirense.

João Miguel Ferreira