Donald Trump critica acusações criminais e não descarta guerra civil nos EUA
O ex-Presidente norte-americano Donald Trump fez esta quarta-feira duras críticas às quatro acusações criminais de que é alvo e não descartou a possibilidade de uma guerra civil nos Estados Unidos, numa entrevista.
"Há um nível de paixão que nunca vi e um nível de ódio que nunca vi", afirmou Trump. "E essa é uma má combinação", considerou, dizendo não saber se isso levará a violência nas ruas.
Donald Trump falava numa entrevista pré-gravada com Tucker Carlson, conhecido apresentador de extrema-direita que foi despedido pela Fox News em abril, transmitida na rede social X (antes conhecida como Twitter) em competição com o debate republicano, ao qual Trump faltou.
"O 06 de janeiro foi um dia muito interessante", indicou o ex-presidente, referindo-se à invasão violenta do Capitólio que resultou na morte de quatro pessoas. "Foi a maior multidão para quem falei", continuou, lembrando que muita gente que participou disse que foi "o dia mais bonito" que alguma vez tiveram.
"Nunca vi tanto amor", frisou Trump, sobre a tentativa de insurreição que resultou em centenas de condenações judiciais e está na raiz de uma das acusações que pesam agora sobre o ex-Presidente.
Esse foi um dos temas quentes discutidos por Carlson e Trump, que criticou o Departamento de Justiça e os procuradores à frente das acusações.
"É uma horrível procuradora-geral essencialmente de Atlanta, condado de Fulton", caracterizou Trump, referindo-se a Fani Willis e classificando a acusação na Geórgia como um ataque ao seu direito a criticar os resultados da eleição de 2020.
"Eles não têm casos de jeito contra mim. Até os democratas o dizem", alegou Trump, depois de ter chamado as acusações de "tretas".
É por isso, considerou, que a sua posição nas sondagens tem melhorado desde que os processos começaram. "Estou tão acima nas sondagens porque as pessoas percebem que é uma fraude", afirmou.
O candidato à nomeação republicana disse que o Departamento de Justiça está a ser usado como arma contra si e acusou o atual Presidente, Joe Biden, de corrupção e incompetência.
"O desonesto Biden é tão mau, é o pior presidente da História, é tão corrupto", afirmou Trump, sem dar pormenores da alegada corrupção, mas chamando-lhe "o verdadeiro candidato da Manchúria" e considerando que está comprometido pela China.
Trump também criticou o estado físico e mental de Biden, dizendo que "não consegue levantar uma cadeira na praia" e mal consegue "dizer duas frases seguidas".
Na entrevista transmitida cinco minutos antes do início do debate republicano em Milwaukee, que opôs oito candidatos à nomeação presidencial pelo partido, Trump voltou a dizer que ganhou a eleição em 2020 e que a vitória lhe foi roubada pelos democratas.
Tucker Carlson questionou Trump, mais que uma vez, se tinha medo que o tentassem assassinar.
"Eles são animais selvagens, pessoas doentes", classificou Trump, dizendo logo de seguida que a maioria das pessoas neste país é fantástica, mas que estas odeiam a nação.
Se conseguir voltar à Casa Branca, o ex-Presidente prometeu tomar o controlo das fronteiras e expulsar "centenas de milhares de criminosos" que diz terem invadido os Estados Unidos, juntamente com doentes mentais e terroristas vindos de outros países.
Também criticou vários dos seus antigos aliados, incluindo o seu vice-presidente, Mike Pence, agora candidato à nomeação, o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, agora também candidato, e o seu ex-procurador geral, Bill Barr.
A conversa passou ainda pela "crise" da televisão por cabo, da MSNBC e CNN à Fox News, as críticas aos carros elétricos e à poupança de água nas zonas de seca na Califórnia e a transferência do Canal do Panamá para o controlo do Panamá, assinada em 1977 pelo então Presidente Jimmy Carter, algo que Trump considerou "estúpido".
O candidato lidera com grande distância as sondagens para as primárias republicanas, que arrancam em janeiro e vão determinar quem se irá bater pela presidência em novembro de 2024. A plataforma FiveThirtyEight dá a Trump 52,1% das intenções de voto, seguido de Ron DeSantis com 15,2%.