Agências de 'rating' cometem "erros significativos" sobre economias africanas
Um relatório da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) acusa as três principais agências de notação financeira de cometerem "erros significativos" na avaliação dos países africanos, incluindo a ausência de visitas aos países.
De acordo com o relatório, as três principais agências de notação financeira - Moody's, Standard & Poor's e Fitch Ratings - cometeram vários erros de avaliação sobre a qualidade do crédito soberano de vários países, incluindo "erros na publicação de ações e comentários, localização de analistas fora de África para fugir às obrigações regulamentares, anúncios e ações de 'rating' fora de tempo, comportamento de 'manada' entre as agências de 'rating', ameaças de retirada do serviço e excesso de trabalho dos analistas".
O continente, lê-se no comunicado que acompanha o relatório, "devia desenvolver mecanismos regulamentares para supervisionar o trabalho das agências de 'rating' para evitar avaliações erradas que desencorajam o investimento no continente".
É imperativo, acrescenta-se, que "os reguladores garantam a responsabilização sobre opiniões de crédito imprecisas sobre África, a jurisdição em que estas agências de 'rating' operam".
O relatório conjunto da UNECA e do Mecanismo Africano de Revisão dos Pares (APRM) sobre a revisão anual da perspetiva de evolução dos créditos soberanos defende ainda que "a recente descida de cinco 'ratings' africanos pelas principais três agências de 'rating' reverteu o otimismo entre os investidores nos mercados financeiros internacionais de que os países africanos estavam a recuperar dos devastadores choques económicos da covid-19".
O documento consultado pela Lusa mostra que no primeiro semestre houve sete revisões em baixa sobre cinco países por parte da Moody's, Standard & Poor's e Fitch, havendo apenas duas revisões em alta da perspetiva de evolução do 'rating' de Cabo Verde e do Ruanda.
A solução para estes desafios está na efetiva regulamentação e na eliminação da dependência das opiniões das agências de 'rating'", conclui-se no relatório.