Brasil deve seguir o Equador e proibir extração de petróleo na Amazónia
O Observatório do Clima, um grupo de 90 organizações ambientais brasileiras, pediu esta segunda-feira ao Governo do Brasil que siga o exemplo do Equador e vete a extração de petróleo na Amazónia.
A plataforma de organizações não-governamentais (ONG) disse em comunicado que o referendo realizado no domingo no Equador para acabar com a exploração no campo de petróleo bruto do Parque Nacional Yasuní, na selva amazónica, foi histórico e significa "uma conquista da sociedade civil".
Com 93,02% do escrutínio do plebiscito, 58,99% votaram a favor do fim da exploração de petróleo na Amazónia, onde são retirados 55 mil barris de petróleo bruto por dia, o que equivale a aproximadamente 11% da produção nacional.
Na nota, o Observatório do Clima instou o Governo brasileiro a olhar para o exemplo equatoriano e "fazer a única coisa compatível com um futuro da humanidade", que seria deixar o petróleo da foz do Amazonas no subsolo e assumir uma estratégia de eliminação gradual de combustíveis fósseis.
O grupo de ONG refere-se a um polémico projeto da estatal Petrobras, que pretende explorar jazidas de petróleo numa bacia marinha localizada em frente à foz do Amazonas, área considerada de alta vulnerabilidade socioambiental.
O projeto conta com o apoio do Presidente da brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, embora ainda não tenha saído do papel por não ter o aval dos órgãos ambientais.
Em maio passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) negou à Petrobras a licença de autorização para iniciar as obras devido a inconsistências técnicas no projeto.
A Petrobras reapresentou o pedido para explorar a área na foz do Amazonas, que faz parte de um horizonte petrolífero chamado Margem Equatorial, que se acredita ter reservas de 10 biliões de barris de petróleo bruto.
A petrolífera estatal brasileira tem depositado grandes esperanças nestas jazidas, pelo que destinou metade do orçamento para exploração de petróleo até 2027, 11 mil milhões de reais (cerca de 2 mil milhões de euros) para perfurações naquela região.