Jornada Mundial da Juventude País

A madeirense Paula Margarido participou no encontro do Papa com vítimas de abusos sexuais

Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou este encontro um caminho de reconciliação da Igreja

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Foto: Rita Chantre/Global Imagens

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou hoje que o encontro do Papa Francisco com as 13 vítimas de abusos na Nunciatura Apostólica, em Lisboa, confirma o caminho da "reconciliação que a Igreja Portuguesa" tem vindo a fazer.

"Este encontro do Santo Padre representa a confirmação do caminho de reconciliação que a Igreja em Portugal tem vindo a percorrer neste âmbito, colocando as pessoas vítimas em primeiro lugar, colaborando na sua reparação e recuperação, de forma que lhes seja possível olhar o futuro com esperança e liberdade renovadas", refere uma nota da CEP.

No encontro estiveram alguns representantes de instituições encarregadas da tutela de menores na Igreja em Portugal: Rute Agulhas, coordenadora do Grupo VITA; Paula Margarido, presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas; Pedro Strecht, coordenador da ex-Comissão Independente.

O encontro aconteceu no primeiro dia da visita do Papa a Portugal para presidir a Jornada Mundial de Juventude (JMJ).

O último ano e meio na Igreja portuguesa foi marcado pelos casos de abusos sexuais que se tornaram evidentes para o domínio público e deram origem a uma comissão independente.

Em novembro de 2021, mais de duas centenas de católicos defenderam que a CEP deveria "tomar a iniciativa de organizar uma investigação independente sobre os crimes de abuso sexual na Igreja", tendo sido criada uma Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja.

Esta comissão validou 512 testemunhos de alegados casos de abuso em Portugal, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas, entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.

Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente sacerdotes do ministério.