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Paquistão quer travar uso de Afeganistão como base para terrorismo transnacional

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O primeiro-ministro do Paquistão, pediu ontem ao regime talibã afegão que tome medidas concretas para impedir que o Afeganistão seja utilizado como base para o terrorismo transnacional, dois dias após o atentado em Peshawar que matou 55 pessoas.

O apelo de Shehbaz Sharif surge dois dias depois de um bombista suicida ter-se feito explodir num comício de campanha eleitoral de apoiantes de um clérigo pró-talibã, atentado ocorrido em Peshawar (noroeste paquistanês) e reivindicado por um ramo do grupo Estado Islâmico (EI), com sede no Afeganistão. 

Os militantes do EI são rivais dos talibãs e intensificaram os ataques desde que estes tomaram o poder no Afeganistão, em agosto de 2021.

Sharif afirmou que os militantes encontram refúgio no Afeganistão, reagrupam-se e rearmam-se no país, infiltrando-se depois no Paquistão, onde efetuam ataques antigovernamentais.

"[O governo afegão dos talibãs] deve tomar medidas concretas para impedir que o seu território seja utilizado para o terrorismo transnacional", declarou Sharif ao visitar alguns dos feridos num hospital de Peshawar.

O bombista tinha como alvo um comício do partido radical Jamiat Ulema Islam, que faz parte do governo de coligação de Sharif e que também tem ligações aos talibãs afegãos. 

O partido tem um forte número de seguidores no noroeste do Paquistão.

O Conselho de Segurança da ONU condenou veementemente o atentado suicida em Peshawar, assim como o terrorismo "em todas as suas formas e manifestações", descrevendo-o como "uma das mais graves ameaças à paz e à segurança internacionais". 

Os membros do Conselho de Segurança apelaram à responsabilização dos autores e à cooperação de outros países com o Paquistão nesta matéria.

O noroeste do Paquistão foi anteriormente um reduto de extremistas do EI até que sucessivas operações militares levaram à expulsão dos 'jihadistas', incluindo os Talibãs paquistaneses, um grupo separado mas aliado dos Talibãs afegãos. 

O grupo é também conhecido por Tehreek-e-Taliban Pakistan, ou TTP.

O atentado em Peshawar foi o mais recente de vários ataques de grandes dimensões nos últimos anos. Em 2014, um ataque dos talibãs a uma escola gerida pelo exército matou 147 pessoas, na sua maioria crianças em idade escolar. 

Em janeiro deste ano, 74 pessoas foram mortas num atentado à bomba numa mesquita também Peshawar, onde, em fevereiro, mais de 100 pessoas, na sua maioria polícias, morreram num atentado à bomba numa outra mesquita dentro da sede da corporação.