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ONU envia representante de Guterres para tentar solução pacífica para a crise

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As Nações Unidas enviaram o representante do secretário-geral para o Sahel numa missão ao Níger para tentar "uma solução pacífica para a crise" desencadeada pelo golpe de Estado de julho, anunciou o porta-voz da ONU.

Leonardo Santos Simão é esperado "em breve" na capital, Niamey, onde se encontrará com os golpistas que dirigem o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), a quem transmitirá duas mensagens principais: que garantam "o regresso à ordem constitucional" e que libertem o Presidente deposto, Mohamed Bazoum.

Numa conferência de imprensa, Stéphane Dujarric explicou que a ONU se mantém em contacto regular com Bazoum "através de vários canais" e confirmou que o chefe de Estado está vivo, embora não haja informação atualizada sobre a sua saúde.

De acordo com a agência Efe, não é claro que o CNSP permita a Santos Simão visitar Bazoum, já que em missões de outros países, como a dos Estados Unidos da América ou da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), os militares não permitiram reuniões a ninguém, a não ser com o Presidente do Chade.

O partido de Bazoum denunciou que os seus captores privaram o Presidente de eletricidade, medicamentos e alimentos frescos, além de terem ameaçado com um julgamento "por alta traição" e asseguraram que poderiam matá-lo se o seu país sofresse uma intervenção militar estrangeira.

O porta-voz de António Guterres disse que Leonardo Santos Simão, que está há pouco mais de dois meses no cargo, está também em contacto permanente com a CEDEAO e outras partes interessadas e que o fruto destes contactos foi a viagem que terminou à Mauritânia para sondar os países da região sobre a melhor maneira de superar a crise.

Por outro lado, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou hoje que o golpe de Estado agravou a situação humanitária no país, onde quase metade da população depende da ajuda externa.

Desde o golpe, as fronteiras do país estão fechadas, o comércio paralisado e a população sofre contínuos cortes de eletricidade e os preços dos alimentos aumentaram significativamente.