Reunião com Governo foi "oportunidade perdida" diz Sindicato dos Enfermeiros
O Sindicato dos Enfermeiros (SE) classificou hoje como "oportunidade perdida" a reunião que teve com o Ministério da Saúde, para debater o novo projeto de lei para as Unidades de Saúde Familiar (USF).
Alertando que mais importante é uma reforma nos cuidados de saúde primários e que o "verdadeiro motor da saúde portuguesa deve passar pela prevenção e promoção da saúde", o SE considera que o projeto de lei sobre as USF tem problemas que terão de ser corrigidos.
"Uma certeza temos, não obstante a tutela dizer andar muito preocupada em assegurar médico de família para todos os portugueses, só existem Unidades de Saúde Familiar se existirem enfermeiros, e estamos a falar de enfermeiros motivados...", diz o presidente do SE, Pedro Costa, citado num comunicado do sindicato, acrescentando que não pode haver unidades de saúde de primeira, com incentivos, e de segunda, sem esses incentivos.
Em declarações à Lusa o responsável sublinhou que sem essa motivação haverá uma deslocação dos profissionais para unidades com mais incentivos, descapitalizando as outras em termos de capital humano. "Teremos a fuga de profissionais das unidades que não têm incentivos".
A reunião de hoje serviu para o Governo debater com o SE o documento, enviado ao sindicato há alguns dias. E no final Pedro Costa resumiu à Lusa, numa frase, a situação: "Estamos preocupados porque os cuidados de saúde primários precisam de uma mudança efetiva".
O responsável salientou que ao tratar apenas das USF está a deixar-se de fora 50% dos cuidados de saúde, e lamentou que em Portugal não se fale e se continue a ignorar a promoção da saúde e a prevenção da doença.
E depois, acrescentou, o problema do excesso de doentes nas urgências não se resolve com horários de atendimento rígidos na rede de cuidados primários, com as USF a funcionar de segunda a sexta-feira das 08:00 às 20:00. Porque assim "vamos continuar a sobrecarregar as urgências".
Nas declarações à Lusa, Pedro Costa afirmou e repetiu que o Governo continua a reagir e não a agir, que o projeto-lei parece mais um remendo, que importante mesmo é uma reestruturação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e que urge olhar para a prevenção e promoção da saúde.
Segundo o comunicado do SE a próxima reunião com o Governo pode ser em setembro, na qual Pedro Costa quer discutir temas como a valorização da carreira, a especialização, o reconhecimento do risco e da penosidade da profissão, de desgaste rápido, e a dedicação ao SNS.
Questões que a não serem debatidas "com a máxima urgência" podem levar o SE a "endurecer a luta dos enfermeiros, enfraquecendo ainda mais a débil resposta do SNS aos problemas de saúde dos portugueses", diz-se no comunicado.