Bloco defende que "a Saúde não pode esperar" e critica sistema do SESARAM ainda inoperacional
O Bloco de Esquerda Madeira, através dos seus candidatos às eleições regionais de 2023, "manifestaram ontem a sua preocupação com as consequências para a saúde dos madeirenses e porto-santenses, do ciberataque ao Serviço Regional de Saúde. É que, volvido mais de uma semana, o sistema permanece inoperacional e continua sem ser possível marcar exames e consultas", lamentam numa nota de imprensa divulgada esta manhã.
Continuando, referem, que "todos sabemos e estamos cientes que este é um acto criminoso e que o crime cibernáutico é cada vez mais frequente e cresceu de forma notória após a pandemia", sendo que "o teletrabalho, a criação de plataformas digitais para tudo e mais qualquer coisa, a partilha de dados entre o sector público e privado, sem a devida aposta na segurança e protecção dos sistemas informáticos, criaram vulnerabilidades que são depois aproveitadas por redes criminosas".
E até apontam méritos à actuação do Executivo regional. "Perante esta catástrofe num sistema fundamental como é a saúde, o Governo Regional esteve bem em dois aspectos, temos de o reconhecer: deixou que fossem técnicos especializados a tratar do assunto e procurou não criar alarme entre a população", elogiam.
Contudo, "isso não invalida que a acção do Governo Regional não possa ser criticada, até porque estão em causa vidas humanas", recorda. "A primeira delas assenta desde logo na credibilidade das declarações dos responsáveis pelo SESARAM e de alguns elementos do Governo que, na ânsia de demonstrar competência e de que estava tudo controlado, foram e continuam a ser desmentidas por médicos e outros profissionais de saúde que pediram escusa de responsabilidades e que já alertaram para o mais do que provável aumento da mortalidade". Mais, "continua a não haver acesso aos dados clínicos dos pacientes em várias áreas fundamentais", frisa.
Perante este cenário, dizem os candidatos bloquistas que "a saúde não pode esperar e enquanto andam todos aos papéis, literalmente, ninguém sabe qual a real dimensão do problema, se houve ou não perda irrecuperável de dados. Urge pois criar soluções para além do 'tenha paciência, o sistema não funciona e volte depois', que dizem aos utentes que se deslocam aos centros de saúde ou à consulta externa".
E continuam: "A segunda é o desmoronar da propaganda do governo PSD-CDS que, apesar dos anúncios de milhões de euros na digitalização da Saúde, não tem salvaguardados serviços fundamentais. Todos os sistemas deveriam ser capazes de gerar, automaticamente, backups dos dados, que funcionassem não só como um sistema suplente, mas também paralelo que, para além da cópia dos dados, garantisse a continuidade e a operacionalidade dos sistemas."
No texto, assinada como a candidatura do BE às Regionais de 24 de Setembro, fazem notar ainda que "o SESARAM não dispõe de planos de contingência adequados - aparentemente os que existem têm 20 anos - ou que minimizem o erro humano e as vulnerabilidades", pelo que "atendendo à morosidade de todo o processo de assistência, agora em papel, ainda nenhum responsável veio dizer como serão recuperados os atrasos das já descomunais listas de espera, se é que ainda existem listas de espera".
Por isso, "enquanto tudo isto acontece, os responsáveis políticos e administradores gozam férias e a população que se aguente e não apareça", acusam.