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Chefe dos serviços de emergência de Maui demite-se após ausência de alertas

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O chefe dos serviços de emergência da ilha de Maui demitiu-se na quinta-feira, após ser criticado pela ausência de alertas nos incêndios florestais no Havai, os mais mortíferos em mais de um século nos Estados Unidos.

O condado de Maui confirmou a notícia nas redes sociais, alegando que a demissão de Herman Andaya se deveu a motivos de saúde, e garantiu que o responsável será substituído o mais breve possível.

Durante os incêndios, os avisos oficiais na televisão, na rádio e no telemóvel revelaram-se inúteis para muitos habitantes, sem eletricidade ou sem conexão à internet.

O sistema de alertas do Havai, o maior do mundo, não foi ativado, admitiram as autoridades, e as sirenes permaneceram em silêncio.

Na quarta-feira, Andaya tinha defendido a não utilização do sistema de alertas, argumentando que, como tinha sido criado em caso de tsunamis, poderia levar as pessoas a fugir da costa, em direção às chamas.

O sistema de sirenes de alerta foi criado após um tsunami que matou mais de 150 pessoas na Ilha Grande do Havai em 1946 e, de acordo com o portal do sistema na Internet, pode ser usado para avisar sobre incêndios.

O número de mortos nos incêndios subiu para 111, sendo que a maioria dos corpos foram até agora encontrados perto da orla marítima ou no oceano, uma vez que dezenas de pessoas saltaram para a água para escapar às chamas.

Na quarta-feira, o governador do arquipélago, Josh Green, admitiu que o balanço ainda pode aumentar consideravelmente, numa altura em que centenas de pessoas continuam desaparecidas.

As equipas de resgate, compostas por socorristas e cães farejadores, ainda só terminaram as operações de busca de corpos em cerca de 45% da área afetada em Lahaina, a capital histórica da ilha de Maui e uma das zonas turísticas mais populares do Havai.

Horas antes do anúncio da demissão de Herman Andaya, a procuradora-geral do Havai, Anne Lopez, anunciou a realização de uma investigação "imparcial e independente" sobre a resposta das autoridades ao desastre, que poderá demorar vários meses.

Os moradores de Lahaina têm criticado também a falta de água que prejudicou os bombeiros e a impossibilidade de saída da cidade, uma vez que as estradas rapidamente ficaram bloqueadas por veículos.

A maior distribuidora de eletricidade do arquipélago, a Hawaiian Electric, foi também acusada de ter causado os incêndios, numa queixa apresentada por advogados de pessoas afetadas em Lahaina.

A ação argumenta que a Hawaiian Electric, que fornece eletricidade a 95% do estado, "indesculpavelmente deixou as suas linhas de energia operacional durante as condições previstas de alto risco de incêndio".

O Presidente norte-americano, Joe Biden, desloca-se na segunda-feira à ilha de Maui para visitar a zona mais afetada pelos incêndios, enquanto a oposição critica a sua resposta alegadamente débil ao desastre.