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Desaparecidos em combate

O Partido Socialista da Madeira ainda não deve ter percebido que as eleições regionais estão a pouco mais de um mês e anda, por isso, desaparecido em combate. Eles andam por aí, mas, francamente, a fazer muito pouco para aquilo que lhes é exigido.

O PS nunca teve a confiança dos madeirenses e dos porto-santenses para governar a Região, e isso deveria levar a uma profunda reflexão interna que, apesar de eu crer que já tenha acontecido, não produziu grandes mudanças ou, pelo menos, as mudanças necessárias para que conquistassem a confiança que reclamam desde a conquista da Autonomia.

Poderá ser fruto da minha distração, mas até agora o PS ainda não se deu ao trabalho de apresentar uma visão de futuro que contraste com o paradigma da atual governação. Bem sei que é uma tarefa árdua, dados os resultados que o executivo atual tem alcançado, mas a ausência de uma proposta que forneça um caminho alternativo ao que tem sido trilhado corrói a nossa cultura democrática e enfraquece o nosso sistema político.

Os socialistas madeirenses apresentam-se nesta eleição como os grandes defensores da baixa de impostos, nomeadamente em sede de IRS. Ora, focam a sua campanha eleitoral numa proposta que chega a ser indigna de ser declarada por socialistas.

Na Região Autónoma da Madeira, existem 9 escalões de IRS. Perante a Lei da Finanças Regionais, o executivo madeirense aplica um diferencial fiscal de 30%, face ao continente, no 1º e no 2º escalão de IRS. Entretanto, estendeu esse mesmo diferencial para o 3º e o 4º escalão, permitindo, assim, que também os restantes escalões de IRS (do 5º ao 9º) beneficiassem de uma redução da carga fiscal atendendo à natureza progressiva do imposto.

Esta opção política, de diminuição da carga fiscal, abrange a grande maioria dos madeirenses de classe baixa e média, poupando, no ano de 2023, mais de 17,5 milhões de euros a todos dos contribuintes madeirenses e porto-santenses, apenas em sede de IRS.

O que é que o PS propõe? O PS propõe que se aplique diretamente o dito diferencial fiscal de 30% em todos os escalões de IRS. Ou seja, a esquerda (caviar) pretende que uma pessoa que ganhe mais de 5500 euros por mês passe a beneficiar exatamente do mesmo diferencial fiscal que beneficia, hoje, uma pessoa que ganha 900 euros por mês. É com propostas indecentes e desrespeitosas como esta que pretendem construir um caminho diferenciador?

A dificuldade de apresentar uma alternativa confiável não pode conduzir a imoralidades perversas, como esta, nem muito menos a promessas fictícias.

Pelas minhas contas, o PS já vai em 16 promessas (muitas delas, ilusórias) feitas à população madeirense e, na esmagadora maioria, são simplesmente para inglês ver.

Vejamos, só a título de exemplo, as seguintes promessas:

- Prometeu médico e enfermeiro de família para todos – bem sabemos que o último político a fazer uma promessa destas não só não a cumpriu como acabou por aumentar o número de utentes sem médico de família.

- Prometeu aumentar os rendimentos dos madeirenses, afirmando ser “necessário políticas diferentes” – no entanto, não refere que políticas são essas nem tão pouco explica o que é que fará para que os rendimentos aumentem em termos reais.

- Prometeu apoiar o alojamento dos estudantes deslocados – isto é dar uma no cravo e outra na ferradura. É preciso não ter pudor para fazer uma promessa destas depois de ter chumbado, na AR, o Estatuto do Estudante Deslocado Insular.

- Prometeu um apoio de 3 milhões para a Universidade da Madeira – querendo comprometer e responsabilizar os madeirenses por um financiamento que é da responsabilidade do Governo da República, que por sinal é do PS.

Todas estas promessas são inconsequentes, e o PS sabe isso. Sabe tão bem disso que a sua inconsequência política começou logo na criação das listas. A deputada Sílvia Silva, aparentemente, abandonou o parlamento com uma despedida que quase fez chorar as pedras da calçada, só que muito rapidamente tudo mudou e o seu nome surgiu em 4º lugar das listas para as Regionais. Ou então, a posição praticamente inelegível que foi atribuída ao líder da JS-M, diga-se, também ele desaparecido em combate, demonstra bem a forma como o PS menospreza os jovens e é outro exemplo de inconsistência política.

A democracia exige mais. Os madeirenses exigem mais.