Escolha-se um nome que fez pontes...
Afirma-se, que a sociedade civil anda anestesiada. Eis que surge uma Petição Pública contra o cardeal Manuel Clemente, designado para baptizar com seu nome a nova ponte do rio Trancão, no mínimo desmente aquele pessimismo.
A Comissão de Toponímia e os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa foram ouvidos em reunião para aprovar aquela decisão? Não! Foi uma decisão unilateral de Carlos Moedas, presidente desta Autarquia, que se pendurou na JMJ com oportunismo político. Mas, saiu-lhe o tiro pela culatra, porque de imediato foi lançada uma Petição Pública, que já conta com mais
de 11 000 assinaturas. O teor desta sairá em Diário da República e será alvo de um
debate plenário no Parlamento. Percebe-se esta cavalgada de Moedas: tem por fim apear o frouxo, Luís Montenegro. Aquela decisão não faz sentido, o Estado
é laico e denominar a ponte com o nome do cardeal, paga com dinheiro público é uma grosseira contradição, violando a Constituição. Acresce, que associar o nome da igreja católica é um desrespeito e uma ofensa pelas mais de 4 800 vítimas oficiais (não reais), de abusos sexuais por clérigos. Mais grave, Clemente é visado por negligenciar e encobrir a pedofilia predatória, por padres
comandados por si... no seu dizer, os criminosos abusos foram «meras carícias»(!).
O cinismo tem limites. O Papa sentenciou: “É tão criminoso o abuso, como quem o oculta”. Nem mais!
Clemente, agradeceu que o seu nome tenha sido dado à ponte mas, o imenso protesto contra a escolha fê-lo recuar, abdicando. Um padre progressista, da Teologia da Libertação, dir-me-á, se dar (este) dito, por não dito - é pecado?!
Vítor Colaço Santos