Mundo

Irão procura "unir mundo muçulmano" com reaproximação à Arábia Saudita

None

O chefe da diplomacia iraniana garantiu hoje que o Irão trabalha para a "união do mundo muçulmano", durante a sua primeira visita oficial à Arábia Saudita desde a reaproximação entre estas duas potências rivais do Médio Oriente.

O Irão, um país de maioria xiita, e a Arábia Saudita, de maioria sunita, mantêm relações tensas há décadas, apoiando lados opostos em conflitos na região.

Mas as relações entre estes dois pesos pesados, retomadas depois de um acordo alcançado em março após sete anos de rutura, "estão a ir na direção certa", defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.

O governante, que falava durante uma conferência de imprensa em Riade ao lado do seu homólogo saudita Faisal ben Farhane, referia-se à cooperação económica e de segurança, sem fornecer mais detalhes.

Hossein Amir-Abdollahian apontou que estão reunidas as condições para uma visita do Presidente Ebrahim Raisi à Arábia Saudita, a convite do rei Salman, mas não indicou quando é que esta viagem poderá ocorrer.

"Temos a certeza de que todas estas reuniões e esta cooperação contribuirão para a união do mundo muçulmano", frisou o chefe da diplomacia iraniana.

O ministro dos Negócios Estrangeiros saudita confirmou hoje a retoma das atividades da embaixada da Arábia Saudita em Teerão, descrevendo-a como "uma nova etapa no desenvolvimento das relações entre os dois países".

Em meados de junho, Faisal ben Farhane realizou uma visita oficial ao Irão, a primeira de um ministro dos Negócios Estrangeiros saudita desde 2006.

Em 2016, Riade cortou as relações diplomáticas com Teerão na sequência de ataques às suas representações diplomáticas no Irão, motivados pela execução de um clérigo xiita, Nimr al-Nimr, pelo reino árabe.

O Irão e a Arábia Saudita disputam há anos a hegemonia regional e apoiam lados rivais em conflitos na região, como a longa guerra no Iémen.

O Iémen tornou-se palco de uma guerra em finais de 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que em março de 2015 seria apoiado por uma coligação militar internacional árabe, liderada pela Arábia Saudita.

Esta reaproximação entre Irão e Arábia Saudita aumentou as esperanças de um apaziguamento regional, mas os recentes esforços diplomáticos não conseguiram avançar para uma resolução do conflito, embora os combates tenham diminuído bastante.

Quanto à Síria, outro país árabe na região onde o Irão é muito influente, a Arábia Saudita permitiu o regresso do Presidente Bashar al-Assad à Liga Árabe em maio.

No entanto, as relações saudita-iranianas continuam complicadas, em particular por causa de uma disputa por um campo de gás que os dois países reivindicam.