Detido na Rússia dirigente de conhecida ONG de monitorização eleitoral
Um responsável de uma conhecida organização não-governamental (ONG) de monitorização eleitoral foi hoje detido e interrogado na Rússia, suspeitando a justiça russa do seu envolvimento em atividades de uma "organização indesejável", indicou o seu advogado.
Este anúncio surge a algumas semanas das próximas eleições regionais (setembro) e a menos de um ano das presidenciais (2024) na Rússia, onde a repressão das vozes críticas se acentuou desde o início, em fevereiro de 2022, da guerra russa na Ucrânia.
Grigori Melkoniants, o copresidente da ONG Golos, de monitorização das eleições e defesa dos direitos dos eleitores, "foi detido e interrogado hoje enquanto suspeito", disse o seu advogado, Mikhail Biriukov, citado pela agência de notícias francesa AFP.
"Ele é suspeito, enquanto copresidente do movimento Golos, de estar ligado a uma organização indesejável" na Rússia, sublinhou Biriukov, precisando que as autoridades judiciais se referem à Rede Europeia das Organizações de Observação de Eleições.
Segundo o advogado, Melkoniants "ainda não foi indiciado".
"Estamos agora no Comité de Inquérito Russo à espera da decisão" do investigador, que poderá ser libertar Grigori Melkoniants ou pedir que um tribunal se pronuncie sobre a sua eventual colocação em prisão preventiva, acrescentou o advogado.
Dezenas de organizações na Rússia foram declaradas "indesejáveis" pela justiça, o que expõe os seus trabalhadores a processos judiciais.
A ONG Golos (que significa Voz) foi incluída em 2021 na lista dos "agentes estrangeiros", uma designação controversa que submete as organizações visadas a fastidiosos procedimentos administrativos e faz pairar sobre elas a ameaça de multas.
Hoje, foram também efetuadas buscas às residências de vários membros da Golos em diversas cidades russas, entre as quais Moscovo, São Petersburgo (noroeste), Kazan (Volga) e Cheliabinsk (Urais), segundo a ONG OVD-info, especializada no acompanhamento das detenções na Rússia.
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, quase todos os principais opositores do regime do Presidente Vladimir Putin foram metidos na prisão ou empurrados para o exílio.
Milhares de cidadãos comuns foram também perseguidos, em particular por terem criticado a guerra, tendo alguns deles sido condenados a pesadas penas de prisão.