Mais um caso de pouca-vergonha
A nova proposta do modelo de financiamento do Ensino Superior é mais um atentado às ilhas, sobretudo à Madeira. E mais um caso de pouca-vergonha, que demonstra, à saciedade, que o que interessa, ao Estado socialista, é prejudicar os madeirenses e os porto-santenses, numa política persecutória, que, sejamos claros, tem por base aquilo que António Costa veio dizer recentemente: que a Madeira não gosta do PS.
Como não gosta, “paga”.
Mais uma vez o que Lisboa pretende é simples: colocar as regiões autónomas a pagar competências que são, constitucionalmente, do Estado.
E depois de várias discriminações - lembro apenas algumas, como o passe sub23, o programa Regressar, os avanços e recuos em torno do subsídio de mobilidade, os pagamentos dos subsistemas de saúde dos profissionais das forças de segurança e militares – eis mais uma pérola saída da cabeça anti-autonomistas dos socialistas: querem agora que seja a Madeira a assumir grande parte do financiamento da Universidade da Madeira, sacudindo a água do capote e remetendo para outros responsabilidades que são suas. A vingar mais este episódio de “amor” à Madeira, à Madeira caberá assumir dois terços do financiamento universitário!
Ainda para mais, quando se sabe que o edifício onde está a Universidade é da Região, que a Região prepara a ampliação daquele imóvel para acolher institutos tecnológicos, que existem protocolos entre o estabelecimento e o Governo Regional que dão importante ajuda à UMa. Acordos em várias áreas e que são a resposta do Governo Regional à discriminação que a nossa universidade é vítima, todos os anos, no Orçamento de Estado, com menos verbas do que as outras, claramente prejudicada em relação às suas homologas.
Em 2022, o PS, em campanha, garantiu que o financiamento das universidades deveria ser repensado, de forma a aumentar as verbas para as instituições de ensino superior das Regiões Autónomas. O que não disse era que este aumento, pelos vistos, seria à custa do dinheiro da Região…
E Sérgio Gonçalves e o PS de cá ainda têm o descaramento de vir anunciar que se forem governo haverá mais três milhões de euros para a Universidade da Madeira.
Primeiro, segundo este novo modelo, estes três milhões mal dariam para compensar o que a UMa se prepara para perder, se esta proposta da República for avante. Segundo, em vez de estar com promessas demagógicas, o que o PS de cá deveria fazer, se não estivesse sempre tão empenhado em fazer as vontades e se agachar aos ditames colonialistas do PS nacional, era exigir que Lisboa respeitasse as suas obrigações constitucionais. E reforçasse, isso sim, a verba a que Universidade da Madeira tem direito.
Ângelo Silva