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As coincidências que nos tramam…

Era uma vez… Uma ilha paradisíaca, administrada por um governo honesto e muito competente. Todos tinham trabalho, e todos queriam trabalhar, porque os empregadores eram justos, e pagavam o justo valor pelo esforço dos trabalhadores. O governo, como visto, era muito competente, e tinha feito o esforço de procurar entre todos os habitantes da ilha os mais capazes e competentes para cada um dos sectores, ignorando a orientação política destes.

A preocupação era sobremaneira a sustentabilidade, em todas as suas vertentes. A infraestrutura era a estritamente necessária, e tinha sido erradicado o desperdício, nomeadamente de bens públicos. A administração alternava entre os conservadores e os mais liberais (na acepção real da palavra, não a de Thatcher…), as eleições decorriam de forma justa e perfeita, e ninguém abusava do sistema. E a economia funcionava de forma eficaz, e todos pagavam os impostos devidos. Isto permitiu inclusivamente que houvesse uma diminuição do esforço da população, decorrente também da boa gestão, bem como da frugalidade decorrente da sustentabilidade.As vendas de imobiliários a não residentes era fortemente controlada, de forma a que não gerasse aumentos excessivos dos preços das casas, de forma a privilegiar os já residentes. O turismo, que já era um sector importante, ganhou ainda mais importância. Mas quando a administração percebeu que o número de turistas começava a ser excessivo, e que a pressão sobre os residentes começava a ser intolerável, tomou medidas no sentido de, mantendo os proveitos, reduzir o número de visitantes. Encontrou formas de privilegiar actores locais, e aumentou os preços de forma a que menos turistas gerassem mais receitas. A saúde funcionava, e quase se tinham debelado as listas de espera. E muito poucos tinham de emigrar, porque encontravam aqui com que satisfazer a maior parte das suas aspirações. Infelizmente, para nós, qualquer semelhança entre esta ilha e a Madeira é pura coincidência…