Será verdade que este ano ninguém homenageou as vítimas da tragédia no Monte?
Ao início desta tarde, vários comentários no grupo 'Ocorrências Madeira' no Facebook lamentavam que tanto os representantes políticos como o bispo do Funchal, presentes esta manhã nas Festividades de Nossa Senhora do Monte, não tivessem homenageado as 13 vítimas mortais e a meia centena de feridos na tragédia ocorrida a 15 de Agosto de 2017 naquele mesmo local. Terá sido mesmo assim?
O debate foi lançado por um comentário cujo autor optou pelo anonimato e a sua crítica visava os políticos presentes: “Hoje toda a gente festejou o arraial do Monte mas ninguém teve a capacidade de homenagear as pessoas que perderam a vida em 2017 vítimas da queda de árvore. O Sr. Presidente e companhia deveriam homenagear os familiares que perderam os seus entes queridos e pedir um minuto de silêncio por todas as vítimas (…). Acho simplesmente impossível esquecer esse fatídico dia”. A cidadã São Santos estendeu o reparo aos representantes religiosos: “Assisti às cerimónias pela televisão. Eu lembrei-me das vítimas e apresento as condolências às famílias. Mas a Igreja esqueceu essa dor. Não achei nada correto”.
De facto, este ano não houve nenhuma mensagem ou gestos de representantes políticos ou religiosos a homenagear as vítimas da tragédia. Nem uma palavra sobre o assunto foi pronunciada na homilia do bispo D. Nuno Brás. Quanto aos políticos, só indirectamente abordaram o tema do acidente. Tanto o presidente da Câmara, Pedro Calado, como a presidente da Junta do Monte, Idalina Silva, sublinharam o “ambiente seguro e tranquilo” em que o arraial está a decorrer.
Não foi sempre assim. A 15 de Agosto de 2018, exactamente um ano após o acidente, as vítimas mereceram uma homenagem muito especial. A meio da procissão de Nossa Senhora do Monte e no local onde a árvore atingiu as pessoas, a Banda Municipal tocou uma peça fúnebre e foram depositadas flores. Foi lido um poema de Graça Alves que recordou “aquele momento em que o céu escureceu e a festa acabou”. Familiares das vítimas mortais, algumas das quais estrangeiras, marcaram presença. Rezam os relatos desse momento que ninguém ficou indiferente e poucos esconderam as lágrimas.
Seis anos após o acidente, faz sentido realizar um momento de homenagem às vítimas? Há quem ache que não. “As vítimas já foram homenageadas no devido tempo. Não se pode estar todos os anos a falar do infeliz incidente. Só mentes retrógradas estão sempre ávidas para recordar a desgraça. Esqueçam o passado e vivam o presente enquanto andam por aí”, exclamou Paulo Pereira, ex-assessor de Alberto João Jardim na Presidência do Governo.
Ou seja, é verdade que este ano não houve homenagem às vítimas da tragédia do Monte.