Incêndios no Canadá emitiram o equivalente a 1.000 milhões de toneladas de CO2
Os milhares de incêndios florestais que atingiram o Canadá este ano emitiram o equivalente a mais de 1.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um registo sem precedentes, divulgaram esta sexta-feira as autoridades canadianas.
O valor é quase igual às emissões anuais do Japão (1.120 milhões de toneladas de CO2 em 2021), o quinto maior poluidor do mundo, e mais do que as emissões anuais de todo o setor de aviação global em 2022 (quase 800 milhões de toneladas de CO2).
"Este verão transformou-se numa verdadeira maratona", frisou Michael Norton, diretor-geral do Serviço Florestal canadiano, numa altura em que o oeste do país se prepara para mais um episódio de onda de calor.
"As nossas estimativas preliminares indicam que as emissões da atual temporada ultrapassaram o equivalente a 1.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono", apontou.
Michael Norton alertou ainda que o risco de incêndio deverá estar "acima do normal" até setembro.
No final de julho, as emissões de carbono causadas por incêndios no Canadá já eram mais do que o dobro do registo máximo anual anterior, de 2014, segundo dados do observatório europeu Copernicus.
Os 'megaincêndios' registados este ano espalharam-se pelo país com grande intensidade, quebrando recordes em muitas províncias.
Esta sexta-feira, o Canadá estava em alerta máximo de incêndio há exatamente 90 dias, o mais longo já registado, depois dos 50 dias em 2021.
"A temporada de incêndios florestais deste ano foi muito instrutiva, mostrou-nos o que nos espera se não fizermos nada para reduzir as emissões", destacou esta sexta-feira o ministro dos Recursos Naturais, Jonathan Wilkinson, durante uma conferência de imprensa em Vancouver.
O governante apontou o aquecimento global como a "causa principal" dos 'megaincêndios', que resultaram em quatro mortes.
Os fogos queimaram até agora 13,5 milhões de hectares, o equivalente à área da Grécia, quase o dobro da área do último recorde absoluto, datado de 1989 com 7,3 milhões de hectares, segundo o Canadian Interagency Forest Fire Centre (CIFFC ).
Desde maio, o Canadá recebeu a ajuda de cerca de 5.000 bombeiros de 12 países, incluindo de Portugal, em junho.
Mais de 200 ordens de evacuação foram emitidas, forçando cerca de 168.000 canadianos a deixar temporariamente as suas casas.
A Colúmbia Britânica, a província mais atingida este mês, deve registar temperaturas anormalmente altas este fim de semana e na próxima semana, o que irá agravar a seca.