Quem ficou na Venezuela gosta de receber madeirenses que lá vão
Necessidades por que passam alguns emigrantes foram realçadas
Na perspectiva de quem decidiu ficar na Venezuela, apesar de todas as dificuldades que marcam o dia-a-dia daquele país, muitas são as carências sentidas. Aleixo Vieira não tem dúvidas de que "a Venezuela é um país de inclusão", razão que levou muitos emigrantes a não querer regressam, mesmo perante os constrangimentos que têm sido relatados.
Além dos bens materiais que escasseiam, muitos dos oradores que participam, esta manhã, na tertúlia ‘Venezuela e Ribeira Brava: Separados pelo oceano, unidos pelo coração’, promovida pelo DIÁRIO, no âmbito da 12.ª edição da Festa Luso-Venezuelana, reivindicam melhores ligações áreas com Portugal, e particularmente com a Madeira.
Sobre o anunciado voo charter, já várias vezes 'confirmado' mas sempre adiado, Aleixo Vieira atribuiu responsabilidades à sua não realização à empresa promotora do mesmo.
Mas quem ficou pede, também, que os madeirenses, nomeadamente os políticos, não deixem de visitar a comunidade, pois essas visitas são uma forma de manter viva a ligação com a Madeira e alimentar a "esperança" de que a situação vai melhorar.
Referindo-se à sua experiência das visitas que fez à Venezuela enquanto presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento recordou a forma como sempre foi bem recebido e o carinho demonstrado, reforçando que essa ligação, por via dessas visitas, não podem deixar de acontecer, pois, no seu entender, é a forma que temos de retribuir o apoio que os emigrantes têm dado à Região ao longo dos tempos.
Nesse âmbito, o ex-autarca relembrou "não podemos esquecer que o primeiro centro de saúde que a Ribeira Brava teve foi com donativos dos emigrantes que partiram para a Venezuela", ao mesmo tempo que recordou o importante apoio de emigrantes para a recuperação da igreja matriz da localidade, bem como para a construção do campo de futebol local.
Já na opinião do jornalista do DIÁRIO, Victor Hugo, “o pouco é muito para a Venezuela”, dando o exemplo dos cinco mil euros que foram, há bem pouco tempo, entregues a uma associação venezuelana pelo Governo Regional, através da Direcção Regional das Comunidade e Cooperação Externa.
Da plateia, foram várias as intervenções que apelaram à conjugação de esforços com vista a uma melhor integração dos emigrantes que decidem regressar à sua terra natal ou onde têm as suas raízes, com a questão do reconhecimento de alguns cursos a ser enfatizada, mas também o ensino da língua e o reforço de algumas tradições, nomeadamente o basebol.
Entre a assistência, Carlos Fernandes, lusovenezuelano que esteve no parlamento madeirense como deputado da maioria PSD/CDS, recordou os constrangimentos diplomáticos que urge ultrapassar, de modo que os seus conterrâneos não encontrem tantas dificuldades quando estão fora do país, nomeadamente no que respeita aos passaportes e à cédula de identidade.
A par disso, não perdeu a oportunidade para enumerar alguns dos apoios disponibilizados pelo Governo Regional para a comunidade venezuelana que reside na Madeira, nomeadamente no que toca ao ensino ou à saúde. Por isso, realçou que a Madeira “tem sido uma terra de oportunidades”.