Será que qualquer pessoa pode fazer uma travessia em alto mar?
Nesta última semana, o jovem Tomás Lacerda foi o mais recente desportista a completar uma travessia em alto mar, desta feita em cima de uma prancha de Stand Up Paddle, que teve como ponto de partida a ilha do Porto Santo e chegada a ilha da Madeira.
Em outras ocasiões também outros desportistas, em diferentes modalidades, completaram travessias em alto mar no espaço marítimo português, como são os casos da nadadora luso-brasileira Mayra Santos e do piloto madeirense Frederico Rezende. Mas será que qualquer pessoa pode arriscar ter uma experiência idêntica à destes atletas?
Rui Rodrigues Teixeira, capitão do Porto e comandante-local da Polícia Marítima do Funchal e de Porto Santo, esclareceu ao DIÁRIO que esta não é uma actividade que está ao alcance de todos. "As travessias em alto mar exigem que sejam assegurados um conjunto de critérios que são impostos pelos capitães de Portos", afirmou, enaltecendo que a segurança é um dos paramêtros fundamentais, como sucedeu com a prova de Tomás Lacerda que só foi para frente depois de estarem reunidas todas as exigências.
"Essas condições de segurança passaram pela utilização de uma embarcação à acompanhar em permanência o Tomás, em que tinha um sistema de referênciação que nós permitiu aqui fazer um acompanhamento em tempo real e permanente do movimento do atleta", esclareceu, acrescentando que também foi imposto que a prova fosse realizada no arco inferior perto horizonte.
Para além de todas as componentes de segurança, também existem outro tipo exigências que devem ser respeitadas para que este tipo de actividades desportivas possam ser realizadas e autorizadas pelas autoridades. "Há também um critério importante que é termos as garantias que o atleta reúne a competência para fazer a travessia. No caso do Tomás Lacerda esses créditos são por todos conhecidos e a sua capacidade, como se veio a comprovar, é suficiente e necessária para que possa realizar uma prova deste género", sublinhou.
Dias antes da prova receber o aval, o jovem surfista também esteve reunido com o comandante, onde tiveram a oportunidade de realizar "uma monitorização das condições meteorológicas e do estado do mar", de forma a preparar da melhor maneira a trajecto de 44 milhas náuticas. "Tratou-se de uma travessia realizada no âmbito de uma causa que nós apoiamos e que correu de acordo com aquilo que tínhamos estipulado. Correu bem e dentro do tempo que tínhamos previsto para que fosse realizada", concluiu.
Ninguém pode arriscar fazer uma travessia destas. Primeiro porque a sua vida estará em risco, depois porque a partir da altura que nós tenhamos conhecimento dessa situação de imediato será interrompida com recurso à intervenção da Polícia Marítima. Rui Rodrigues Teixeira, capitão do Porto do Funchal
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Tomás Lacerda viveu hoje um dos melhores dias da sua vida, não só como atleta, mas também como homem.
Também a nadadora de águas livres, Mayra Santos, que entrou para a história da modalidade por atingir diversos feitos inéditos, como ser a primeira mulher a fazer a travessia a nado entre o Porto Santo e a Madeira, nadando os 42 quilómetros em 12:07.20 horas, confirmou que o histórico do atleta é uma parte essencial deste tipo de actividades.
"É preciso provar que a pessoa tem treino suficiente ou já tenha feito algo semelhante. Por exemplo, no meu caso, quando fiz a travessia em Manhattan - em 11 de Agosto de 2022 - eu não tive que provar por causa do meu histórico/currículo. Mas quando fiz Porto Santo-Madeira eu tive que fazer um teste para atestar que era capaz de fazer aquela travessia, porque é algo que envolve a nossa segurança e saúde", disse, especificando que esse teste passou por fazer um trajecto menor, de 30 quilómetros, entre a Calheta e o Funchal.
São provas que requerem muitas autorizações, uma boa capacidade física e um controlo mental muito forte. Merecem todo o nosso respeito as pessoas que se desafiam assim Mayra Santos, nadadora
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Quanto às condições da ilha da Madeira, a nadadora destaca que a Região é um dos melhores sítios para a prática de travessias devido à qualidade do mar. "Tem condições excelentes, água muito cristalina, não tem perigo de tubarões, sem contar também com a qualidade da temperatura do mar, uma vez que a maioria dos canais a temperatura é super fria", disse, destacando que espera que mais atletas possam ter isto de iniciativas para uma maior divulgação do 'canal'. "É uma forma de divulgar o que a Madeira tem de melhor", sublinhou.