Canonização dos "mártires de Chapotera" em Moçambique segue para o Vaticano
A diocese moçambicana de Tete concluiu o processo de canonização dos padres Sílvio Alves Moreira e João de Deus Gonçalves Kamtedza, missionários jesuítas assassinados em 1985, conhecidos como "mártires de Chapotera", seguindo o processo para o Vaticano.
"Informam-se os fiéis da nossa diocese da conclusão da fase diocesana do processo de beatificação e canonização dos Servos de Deus, padres João de Deus Kamtedza e Sílvio Alves Moreira, mártires de Chapotera", refere uma nota daquela diocese católica no centro de Moçambique.
O padre Sílvio Alves Moreira nasceu em Portugal e o padre João de Deus Gonçalves Kamtedza é filho de pai português e mãe moçambicana. Ambos foram assassinados "por ódio à fé" em 30 de outubro de 1985, próximo da residência missionária de Chapotera, província de Tete, onde exerciam a missão religiosa.
"Terminada a recolha de todos os testemunhos, incluindo a documentação arquivística, foi preparado um dossiê bem documentado sobre a vida e o martírio dos dois Servos de Deus, o qual será enviado, através da Nunciatura Apostólica em Moçambique, ao Santo Padre através da Congregação da Causa dos Santos, em Roma", acrescenta a nota.
"A fama de martírio levou a diocese de Tete a iniciar o processo de beatificação e canonização no dia 20 de novembro de 2021 com o juramento dos membros da comissão de inquérito nomeada pelo bispo diocesano", recorda a instituição.
O encerramento da fase diocesana do processo, denominada de sessão de clausura, está agendada para este sábado, às 16:00 locais (15:00 em Lisboa), no Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Conceição, no Zobuè, por ocasião da peregrinação diocesana, na presença do encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica em Moçambique.
A comissão diocesana responsável pelo processo de canonização interrogou até junho passado as testemunhas que conheceram os dois missionários e recolheu "informações sobre o seu martírio e fama de martírio".
O padre Sílvio Alves Moreira nasceu em Rio Meão, vila da Feira, em Portugal, em 16 de abril de 1941, tendo entrado no seminário dos Jesuítas em 1952 e professado os votos religiosos em 1959. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica de Lisboa entre 1968 e 1972 e foi ordenado padre na Covilhã a 30 de julho de 1972. Em Moçambique, o missionário português iniciou o seu trabalho na diocese de Tete, no seminário do Zobuè, rumando depois à paróquia de Matundo.
O padre João de Deus Gonçalves Kamtedza, filho de pai português e mãe moçambicana, nasceu na Angónia, província de Tete em 08 de março de 1930, tendo entrado no seminário dos jesuítas em 1948 e professado os votos religiosos, em 1953, em Braga. Foi ordenado sacerdote na missão de Lifidzi, Tete, em 15 de agosto de 1964.
Na cerimónia de encerramento da fase diocesana do processo de beatificação está prevista a participação de "centenas de peregrinos das 38 missões da diocese de Tete".
A cerimónia deste sábado implica a presença de um tribunal eclesiástico "que vai atestar a validade dos documentos a enviar para o Vaticano".