Não leia isto se não quer a verdade da Madeira

A Madeira transformou-se com a Autonomia Política a partir de 1976. É indesmentível. E indiscutível para qualquer madeirense, mesmo o mais crítico das opções e decisões dos vários governos. Desde logo, porque as transformações operadas nestes 47 anos de Autonomia e de Governo próprio são abissais quando comparado com a Madeira anterior a 1976.

Sou filha da Autonomia – nascida em 1982 – vivi e cresci desde sempre em casa de família de classe média, com tudo o que hoje entendemos exigível numa habitação – luz, água, saneamento e condições de habitabilidade – não andei descalça, não comi semilhas nos dias em que não se comia milho e não experimentei o sabor da carne do porco só na Festa ou noutras poucas ocasiões especiais.

Não deixei a escola mal aprendi a ler e a escrever para ajudar os pais na agricultura ou nos seus ofícios. Não calcorreei as veredas carregada. Não padeci por falta de médico e medicamentos.

Sou uma privilegiada – como todos os madeirenses nascidos no final da década de 70 e seguintes – por ter crescido numa Madeira em transformação, que deixava para trás as vidas e as vivências bastante difíceis de outrora, devido à pobreza, ao trabalho árduo para colher não mais do que uma periclitante subsistência.

Mas é fácil e é da natureza humana dar por adquirido o que hoje vemos e temos à nossa volta, sobretudo a obra física, as infraestruturas que nos levam a todos os pontos da ilha, de forma cómoda e segura, as escolas, os centros de saúde, o novo hospital que se levanta, entre outras infraestruturas sociais, desportivas, culturais.

É fácil e é da natureza humana dar por adquirido, não só a obra monumental, mas, também, a própria Autonomia.

Mas este sentimento não é isento de riscos. E, por isso, importa ter duas ou três coisas bem presentes.

A Autonomia não nos foi oferecida. Foi conquistada através da luta política.

Luta política que, como sabemos, não se esgotou no momento em que nós, Madeirenses, passamos a eleger os nossos órgãos de governo próprios.

A luta política sempre foi permanente e contínua, porque hoje, como no passado, nada nos é oferecido. O que construímos e o que hoje somos é o resultado de anos de defesa intransigente dos valores da Autonomia e, consequentemente dos nossos superiores interesses e aspirações, enquanto Povo.

Não é por mero acaso que ontem e hoje, tanto Alberto João Jardim, como Miguel Albuquerque afirmam e reafirmam que a Autonomia é um instrumento essencial ao serviço da Madeira e do seu Povo, assumindo, ao longo destas quase cinco décadas, a todos os níveis, – na retórica e na ação política concreta – que os interesses da nossa Terra estão sempre acima de quaisquer outros.

Por outras palavras, a Autonomia não se basta a si mesma. É pedra basilar. Mas precisa de intérpretes que, com atitude e com ambição, incorporem os seus valores e a tornem na sua (na nossa) Causa maior ao serviço da Madeira e dos Madeirenses.

E é por isso que a Madeira de hoje, – de indesmentível e indiscutível transformação – é, em grande medida, o resultado do trabalho dos sucessivos governos de matriz assumidamente Autonomista de Alberto João Jardim e de Miguel Albuquerque.

Homens perseverantes, obstinados e irredutíveis na defesa dos interesses da Região Autónoma e do Povo Madeirense.

Homens competentes, com visão, ambição e sentido de futuro.

Homens que não se acobardam diante dos que nos viram as costas.

Em breve, voltaremos a pesar o nosso presente e a perspetivar o nosso futuro, na certeza de que a Autonomia – o seu aprofundamento urgente ou o seu retrocesso – dependerá sempre dos seus intérpretes (ou seja, dos nossos governantes), dos seus valores e sentido de serviço – serviço à Madeira e aos Madeirenses ou subserviência centralista oposta a todo e a qualquer interesse de cada madeirense.

Certa de que o futuro se joga na certeza fundada em provas dadas. E que também se perde no equívoco da mudança, com aqueles que hoje e sempre caminharam de costas voltadas para os interesses da nossa Terra.

Teresa Jesus