Cobertura por médicos de família
A Madeira tem, desde 29 de junho, mais sete novos médicos de família. E até setembro está prevista a chegada de mais três médicos daquela especialidade. A notícia, publicada neste matutino, dão conta do real esforço do Governo Regional em reforçar a resposta ao nível dos cuidados de saúde primários.
Na Região, lembre-se existem 278.540 inscritos nos centros de saúde, 220,639 dos quais com médico de família e 56.160 sem médico de família atribuído. Há ainda 1.741 sem médico de família por opção do utente.
Em 2015 a percentagem de madeirenses com médico de família era de 59%, em 2019 era de 69,5%, agora é de 90%, ou seja, uma evolução de 31 pontos percentuais em oito anos
Por outro lado, em 2015 existiam 121 médicos de família, em 2019 144 e agora 172, ou seja, mais 51 médicos de família.
Portanto, na Região há cada vez mais madeirenses com médico de família, estando já perto dos desejados 100%. Estão a ser dados mais passos visíveis e cada vez mais seguros e na direção certa. O objetivo de proporcionar a cada madeirense e porto-santense um médico de família está já “ao virar da esquina”.
No Continente, infelizmente, está a acontecer o inverso: são cada vez mais os portugueses sem médico de família. Em maio de 2023 eram perto de 1,7 milhões.
Um relatório recente do Conselho das Finanças Pública deu conta de que «o número de utentes sem médico de família tem apresentado um crescimento superior a 30% nos últimos dois anos, persistindo uma trajetória ascendente iniciada em 2019».
O anúncio da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde - feito em final de maio deste ano, de que cerca 500 mil utentes passariam a ter médico de família na sequência da colocação de 314 desses especialistas de medicina geral e familiar no último concurso de recrutamento – parecia ser o início da inversão desta preocupante situação.
Mas, afinal, não será bem assim, segundo o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Porque os novos médicos não serão suficientes para responder às saídas de atuais especialistas até final deste ano. Por reforma dos mesmos e por saídas por opção, para o privado, em Portugal ou no estrangeiro.
Nuno Jacinto admite que no imediato vai haver uma redução do número de utentes sem médico atribuído. Mas, logo vai voltar tudo ao mesmo. Para aquele responsável, pelo contrário, até a falta de portugueses sem médico de família vai continuar a crescer. Se o Governo não tomar medidas concretas e reais para reter médicos no Serviço Nacional de Saúde.
Algo que, frise-se, a Madeira tem vindo a fazer, com várias medidas que visam cativar médicos a vir para cá. Com resultados práticos!
No SNS, em setembro de 2019, havia 641.228 pessoas sem médico de família. De então para cá, o número cresceu para 1.757.747 de cidadãos em maio de 2023, representando um aumento de 174%.
E são só 85,3% os portugueses com médico de família atribuído no SNS. Na Madeira, que partiu de muito atrás, com piores resultados, a taxa é de 90%. Ou seja, já 9 em cada 10 madeirenses podem ter acesso a médico de família, gratuitamente, em centro de saúde.
A promessa de dar um médico de família a cada português, anunciada por António Costa, em 2016, está cada vez mais distante.
Enfim, nada que nos surpreenda. É mais do mesmo. Às promessas socialistas por cumprir contrapõe o Governo Regional com promessas sustentadas em atos.
Ângelo Silva