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Desgoverno do bloom

Os governantes estão desnorteados em relação ao bloom na Madeira. O bloom designa centenas de produtos que, uma vez manipulados, estão a gerar novas drogas e um descontrolado número de problemas de consumos de substâncias psicoactivas.

É cada vez mais aflitivo verificar como, em consequências do bloom, cresce o número de novos casos de pessoas que experimentam processos de rutura social e não encontram respostas atempadas nem dos serviços de saúde, nem por parte dos serviços sociais.

Na rua, nos lugares onde habitam os novos toxicodependentes, onde moram “as gentes do bloom” emerge um grito de excluídos sociais, cresce um clamor de tantos anseios de novos marginalizados que tardam em ser escutados pelos governantes.

Aliás, existe um contraste muito grande entre os meios mobilizados para outras importantes respostas sociais e aqueles que existem para fazer face na Região Autónoma da Madeira a estes novos fenómenos das toxicodependências.

Em relação ao povo da rua, em relação à muita gente que cada vez mais tem a rua como lugar social, sem abrigo e habitando em meandros de teias tão destruidoras de tantas vidas, em relação a esses gravíssimos problemas humanos e sociais os governantes manifestam uma imperdoável falta de governo.

É inconcebível que nesta Região, que tanto dinheiro esbanja do erário público em futilidades, ainda não exista um serviço de emergências sociais competente para atender a tanta gente que requer uma atenção psicossocial imediata. É escandaloso que na Madeira ainda não exista uma resposta eficaz para tanta juventude ao abandono, que está nas ruas do bloom em situação de emergência social. É intolerável não estejam mobilizadas respostas operativas da Região no campo da prevenção do consumo do bloom; que não estejam criadas equipas multidisciplinares de intervenção imediata junto de grupos de risco; que estejam em falta meios humanos para agir já nas áreas da saúde mental, para responder a outros e antigos problemas, como para atender aos novos problemas trazidos pelo bloom. É inaceitável que, em face de tantos episódios de psicoses tóxicas e mesmo de violência provocados pelas novas substâncias psicoativas, perante os danos sociais e os indesmentíveis malefícios de saúde, esteja por desenvolver um plano estratégico de implementação regional especificamente destinado a reduzir o consumo de risco, proporcionar tratamento a todos os que dele carecem e concretizar a redução dos danos provocados pelas novas substâncias psicoativas.