Zelensky discutiu armas e NATO na Bulgária
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deslocou-se hoje à Bulgária para discutir a adesão à NATO e pedir um aumento da entrega de armas por este país, grande produtor de munições, e em plena contraofensiva de Kiev.
Após o final da visita, Zelensky deslocou-se a Praga, antes de tomar a direção de Istambul na sexta-feira.
"Estamos reconhecidos pelo apoio fornecido pela Bulgária", disse o chefe de Estado ucraniano ao lado do novo primeiro-ministro búlgaro Nikolay Denkov, que impôs uma viragem no país através de um apoio mais sustentado a Kiev.
No decurso da deslocação de algumas horas à capital Sófia, foram abordados o apoio à defesa [ucraniana], a integração da Ucrânia na UE e Aliança Atlântica, a cimeira da NATO e as garantias de segurança, indicaram as partes.
Foi ainda assinada uma "declaração comum" a favor da adesão de Kiev à NATO, na perspetiva da cimeira de Vilnius prevista para 11 e 12 de julho.
O Presidente ucraniano disse que se deslocou à Bulgária para resolver "a falta de armas" e repetiu que a lentidão nas entregas de armamento retardou a contraofensiva de Kiev, permitindo a Moscovo reforçar as suas defesas nas zonas ocupadas, em particular através de minas.
"A motivação dos nossos parceiros deve permanecer intacta", insistiu. Caso contrário, "perderemos a iniciativa no campo de batalha".
Ao Presidente búlgaro Rumen Radev, um intransigente opositor ao envio de qualquer ajuda militar por receio de uma escalada, Zelensky respondeu que o objetivo consiste em "defender-se" para evitar que a guerra alastre ao resto da Europa.
A Bulgária, membro da União Europeia (UE) e da NATO, mas histórica e culturalmente próxima de Moscovo, está profundamente dividida sobre esta questão.
No entanto, as fábricas de armamento construídas durante o anterior regime de partido único trabalham em elevado ritmo desde a invasão russa da Ucrânia.
Em 2022, e segundo as estimativas, as exportações da indústria militar búlgara ultrapassaram os quatro mil milhões de euros, o triplo do anterior recorde de 2017.
Até ao momento, países terceiros desempenhavam a função de intermediários, uma solução encontrada no início da guerra pelo ex-primeiro-ministro Kiril Petrov.
"Praticamente tudo o que recebemos nos primeiros dias do conflito era proveniente dos nossos parceiros búlgaros", declarou recentemente o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak à televisão búlgara Nova.
A presidência russa criticou esta visita, ao interpretá-la como o desejo de Kiev em envolver "mais países" no conflito na Ucrânia.
"Numerosos países já enfiaram a sua cabeça neste conflito, direta ou indiretamente. Este assunto será abordado com os búlgaros", declarou aos 'media' o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Sófia e Kiev também concordaram cooperar na energia, com a Bulgária a propor à Ucrânia dois reatores nucleares que tinha encomendado à Rússia num projeto entretanto abandonado.
Após Praga, Zelensky deve encontrar-se na sexta-feira em Istambul com o seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan, na sua primeira visita à Turquia desde o início da guerra.
Segundo o diário pró-governamental Sabah, os dois dirigentes vão abordar designadamente o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, concluído em julho de 2022 com o patrocínio das Nações Unidas e da Turquia, e que a Rússia considera agora não ver "qualquer razão" para prolongar e após a sua expiração em 17 de julho.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).