Silêncio em tribunal para escutar a história mais triste da tragédia do Monte
O silêncio, mais do que as palavras ditas, marcou o relato no tribunal do Funchal (Edifício 2000) da mulher que perdeu o namorado Diogo e o seu bebé Gustavo na tragédia do Monte. Tanto o colectivo de juízas presidido por Joana Dias, como os advogados e as poucas pessoas que assistiram à audiência de julgamento desta manhã perceberam que não se tratava de uma história qualquer. Por isso, o ambiente na sala de audiências era de pesar, embora o acidente tenha acontecido há quase seis anos.
“Perdi as duas pessoas que eu mais gostava, a minha família, que eu construí”, declarou Joana Raquel, que fez um depoimento curto e sem grandes detalhes. A testemunha e assistente no processo explicou que tinha ido comprar velas no Largo da Fonte – segundo foi mencionado na altura da tragédia, o bebé Gustavo nasceu prematuro e os pais teriam ido agradecer a Nossa Senhora o facto de estar de boa saúde – e a certa altura começaram “a ouvir uns barulhos” vindos da encosta e o namorado disse-lhe para fugir. Joana Raquel foi projectada e começou a gritar, porque o bebé Gustavo tinha caído ao chão. “Houve uma pessoa que agarrou o Gustavo e levou-o para a ambulância. Deixei de ver eles. Andei à procura do Gustavo. Estava lá uma enfermeira e ninguém tinha visto o Gustavo”, acrescentou a testemunha, que partiu um braço no acidente e esteve internada cerca de duas semanas.
A audiência desta manhã foi preenchida ainda com a conclusão das declarações da arguida Idalina Perestrelo (iniciadas ontem) e com os depoimentos de outras seis vítimas do acidente do Monte. O julgamento deve prosseguir na tarde desta quinta-feira.