Mais de metade das crianças vítimas de tráfico humano são "traficadas" no seu país
Mais de metade das 12.627 crianças vítimas de tráfico humano no mundo foram "traficadas" no seu país, revela um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) hoje divulgado.
Segundo o relatório, perto de metade das crianças vítimas de tráfico humano, sobretudo rapazes, foram sujeitas a trabalhos forçados na agricultura e na indústria, bem como "entregues" a atividades domésticas e à mendicidade.
Um quinto das vítimas, essencialmente raparigas, foi sujeito a exploração sexual, nomeadamente prostituição e pornografia, sobretudo de redes internacionais.
O relatório, intitulado "Da Evidência à Ação: Vinte Anos de Dados de Tráfico de Crianças da OIM para Informar Políticas e Programas", realça o envolvimento de familiares e amigos no tráfico de crianças para exploração laboral e sexual.
"O tráfico de crianças é um fenómeno multifacetado e complexo que continua a espalhar-se e a evoluir dentro e fora das fronteiras. Nenhuma faixa etária, nenhum género e nenhuma nacionalidade está imune ao tráfico de crianças. É um fenómeno verdadeiramente global", alerta, citada numa nota de imprensa da OIM, a líder da Unidade de Proteção da organização, Irina Todorova.
O relatório hoje divulgado, o primeiro do género, analisa dados preliminares de cerca de 69 mil vítimas de tráfico humano de 156 nacionalidades que foram "traficadas" em 186 países.
Segundo a OIM, que gere o maior banco de dados internacional de vítimas de tráfico humano, 18,3% das vítimas são crianças.
"Apesar dos esforços significativos, o número das crianças que continuam a ser vítimas de traficantes continua alto, em grande parte devido a fatores sociais, económicos, ambientais e políticos desiguais que fomentam práticas de exploração e discriminação", conclui o relatório, que contou na sua elaboração com o contributo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
A OIM tem como diretor-geral o ex-ministro português António Vitorino, que será sucedido no cargo em outubro pela atual vice-diretora-geral para a Gestão e Reforma, a norte-americana Amy Pope.