Idalina emociona-se em tribunal: “Nem no pior pesadelo esperava uma coisa destas”
A ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Idalina Perestrelo, afirmou, esta manhã, no tribunal, que a queda da árvore que provocou a tragédia no arraial do Monte “era imprevisível” e que a autarquia chegou a receber alertas para o estado dos plátanos do Largo do Monte mas não em relação aos jardins da encosta de onde caiu o carvalho. “Nem nos nossos piores pesadelos esperaria uma coisa destas. Jamais esperaria que algo do género acontecesse. É sempre difícil falar daquele momento”, declarou a arguida, que se emocionou ao relatar os acontecimentos do dia fatídico.
Idalina Perestrelo, que era responsável pelo pelouro do ambiente e espaços verdes, referiu que tinha “toda a confiança” no conhecimento e na experiência, na avaliação e na manutenção que eram garantidas pelas equipas de trabalho do município e elogiou especificamente as qualidades profissionais do chefe de divisão Francisco Andrade, que é o outro arguido neste processo. A arguida explicou que o Funchal “é uma das cidades que mais árvores tem” em Portugal e isso obriga “a uma exigência e profissionalismo na preservação deste património arbóreo”. Mas garantiu que “sempre que foi necessário o abate de uma árvore porque não estava segura e saudável, isso foi feito”, tendo lembrado o corte de uma árvore emblemática que teve de ser cortada no Campo Almirante Reis logo que entrou em funções na autarquia, em 2013. “Em relação ao Monte, se fosse necessário fazer o abate de alguma árvore por questões de segurança, isso seria feito, com toda a certeza”, acrescentou.
“Tanto eu como as pessoas que trabalhavam comigo, trabalhávamos com responsabilidade, para que as coisas fossem bem feitas. Queria que as coisas fossem bem feitas para que não acontecesse o que aconteceu no Porto Santo”, declarou, numa alusão ao caso da queda da palmeira, ocorrido na ilha dourada em Agosto de 2010, durante um comício do PSD.
A queda de um carvalho durante o arraial do Monte, a 15 de Agosto de 2017, provocou a morte de 13 pessoas e cerca de meia centena de feridos. A ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Idalina Perestrelo, e o chefe da divisão de espaços verdes urbanos da autarquia, Francisco Andrade, são acusados da prática de 13 crimes de homicídio por negligência e 24 crimes de ofensas à integridade física por negligência. O julgamento do caso da tragédia do Monte teve início a 12 de Abril de 2023, mas tem sido afectado pelas greves dos funcionários judiciais.