A TAP no seu pior
A gestão da TAP muito tem dado que falar e muita revolta tem provocado nos contribuintes deste país devido às contínuas injeções de dinheiro, fruto dos seus impostos, para que esta companhia consiga sobreviver. Muito sinceramente, não sei se se augura um melhor futuro para esta companhia. Infelizmente nenhum primeiro ministro deste país teve a coragem de meter a TAP na ordem! Lembro-me dos vários protestos do Dr. Alberto João sobre o mau serviço prestado à região, mas que nunca tiveram eco. Agora estas mexidas que têm sido efetuadas, até já conduziram à demissão de alguns políticos e em relação à Madeira, continuam a praticar preços exorbitantes (pornográficos) em algumas épocas do ano. Acresce a tudo isto o serviço por vezes mau e o destrato a alguns passageiros que a ela recorrem. Sempre defendi e defendo uma companhia de bandeira, porque como ilhéus, não prescindimos de um serviço público e não podemos ficar à mercê das companhias low cost, que em situações imprevisíveis não se vêm obrigadas a nada! Não podemos esquecer o exemplo da última pandemia e não sabemos o que o futuro nos reserva! Também não podemos descurar que apesar de tudo, a nossa companhia de bandeira é um ícone de Portugal. Nunca esqueci uma excelente experiência que vivenciei, no aeroporto de Maiquetia, numa das viagens que tive o prazer de realizar à Venezuela. Aguardava na esplanada do aeroporto, pelo voo de regresso a Portugal, após um mês a percorrer terras de Simon Bolívar. A esplanada estava repleta de pessoas e, repentinamente, ouvi um barulho ensurdecedor advindo da ovação dos ocupantes da mesma. Sem saber o porquê, olhei para a pista e deparei-me com o avião da TAP a fazer-se a esta. Confesso que esta atitude me arrepiou, não só por ver impregnadas na aeronave as cores da nossa bandeira, mas também por parecer que um pedaço de Portugal ali estava a chegar!
Mas além das boas experiências e atitudes de cordialidade e bom atendimento, outras há que em nada abonam a imagem desta companhia. Refiro um caso que teve lugar no pretérito dia 25, que passo a relatar. Como era do conhecimento geral, os ventos que fustigavam o aeroporto da Madeira limitavam ou impediam a aterragem de aeronaves.
Teimosamente a TAP, consciente da situação, efetuou voos com destino ao aeroporto da Madeira e depois, como não conseguiu fazer-se à pista, não teve outra alternativa senão o regresso a Lisboa.
No voo TP1689 com partida de Lisboa, eu era um dos passageiros que tinha como destino a Madeira. Era o meu primeiro voo, ou seja, era a minha primeira tentativa em poder aterrar nesse dia na Madeira. Mas para muitos dos passageiros, era a terceira tentativa!
Ao chegarmos à Madeira, como a velocidade do vento não permitia a aterragem, após dar algumas voltas, o avião inverteu a marcha e dirigiu-se para Lisboa. Como estava com vontade de utilizar a casa de banho, logo que desligou o sinal de apertar os cintos, dirigi-me à mesma e aguardei na fila pela minha vez. A dada altura, veio uma assistente de bordo ordenar, sem atender a normas de etiqueta ou de cordialidade, que alguns dos passageiros que estavam a aguardar, regressassem aos lugares e esperassem por uma oportunidade. Perante tal destrato e descortesia, chamei à atenção da assistente, proferindo que não eram modos de tratar os passageiros e que ela não podia aferir das necessidades fisiológicas dos mesmos. Como o seu “modus operandi” não se alterou, solicitei a sua identificação com o intuito de fazer uma exposição à Administração da TAP. Logo esta foi peremptória em afirmar: “Vá com a chefe de cabine!”. Como sou persistente e não pactuo com falta de profissionalismo e deselegância, dirigi-me à chefe de cabine e denunciei a situação. Voltei a solicitar a identificação da assistente, mas esta retorquiu: “Eu já falo consigo!”. Até ao final do voo fiquei à espera que esta me contatasse, mas foi em vão! Eu simplesmente fui IGNORADO! A dada altura, um assistente de bordo do sexo masculino, ao aperceber-se da situação, dirigiu-se ao meu lugar, estendeu-me a mão e endereçou-me algumas palavras de conforto e de cordialidade. Também pediu desculpa por algo que não tivesse corrido bem. Elogiei a sua atitude e referi que ele é que reunia perfil para exercer tais funções. Quando abandonava o avião, este novamente estendeu-me a mão, desejou-me uma boa noite e felicidades.
Para além desta situação anómala, acho que este vaivém destes voos cujas aterragens são goradas, em nada abonam o destino Madeira, porque causam instabilidade emocional aos passageiros, crises de ansiedade e choro! Cheguei até a ouvir comentários negativos por parte de estrangeiros sobre a dificuldade em aterrar na Madeira. Tomei também conhecimento de passageiros que acabaram por desistir da viagem à Madeira porque após a terceira tentativa inglória em aterrar não arriscaram uma quarta!
Se não há condições meteorológicas favoráveis à aterragem, que não se descole dos aeroportos de partida, que se pense no bem-estar dos passageiros e na poupança de combustível!
José João Pereira