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Reino Unido leva Inteligência Artificial ao Conselho de Segurança da ONU

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Foto Shutterstock

O Reino Unido, que detém este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, anunciou, esta segunda-feira, que convocará, pela primeira vez, um debate sobre as oportunidades e riscos para a paz e segurança internacional da Inteligência Artificial.

Agendado para 18 de julho, o debate será um dos eventos especiais da presidência britânica e será liderado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly, além de contar com a presença do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

O Reino Unido pretende que a reunião se baseie no "Congresso Mundial de Inteligência Artificial (IA)" realizado em Londres no mês passado e que esclareça as oportunidades e os potenciais riscos apresentados por esta tecnologia.

"Enquanto a humanidade está à beira desse gigantesco salto tecnológico, queremos encorajar uma abordagem multilateral para gerir as enormes oportunidades e os riscos que a Inteligência Artificial representa para todos nós, incluindo as suas implicações para a paz e segurança internacionais. Nenhum país pode fazer isso sozinho. Isso exigirá um esforço global", disse ontem a embaixadora do Reino Unido junto da ONU, Barbara Woodward.

Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, a diplomata afirmou que a IA apresenta um "enorme potencial" para, por exemplo, preencher lacunas de desenvolvimento entre países, mas ao mesmo tempo "grandes riscos" se usada na gestão de armas convencionais ou mesmo nucleares.

Por isso, é importante que o futuro da Inteligência Artificial, que "evolui a toda a velocidade", seja tratado multilateralmente e não deixado à mercê de cada Estado, como propôs Guterres.

Na apresentação da agenda para o mês de julho, a embaixadora informou ainda que o Reino Unido pretende impulsionar a reforma do Conselho de Segurança durante a sua presidência do órgão, defendendo a sua expansão à Índia, Brasil, Alemanha e Japão, além de um país africano.

De acordo com a embaixadora britânica, esses são países "com influência" e a sua escolha reflete um "balanço geográfico".

Outro debate promovido pelo Reino Unido durante o corrente mês focar-se-á na violência sexual em conflitos. A reunião, marcada para 14 de julho, será presidida pelo diplomata britânico Tariq Ahmad, representante especial para a Prevenção da Violência Sexual em Conflitos.

O terceiro evento especial será já na quarta-feira e será um debate anual sobre crianças e conflitos armados.

Espera-se que a representante especial da ONU para crianças e conflitos armados, Virgínia Gamba, e o vice-diretor executivo de programas da UNICEF, Omar Abdi, apresentem dados sobre violações graves contra crianças em situações de conflito.

Em julho, também a guerra na Ucrânia será abordada no Conselho de Segurança, com pelo menos um 'briefing' em 17 julho, que será presidido por James Cleverly.

"A invasão russa representa a ameaça mais imediata ao que a ONU representa para a ordem internacional, onde as divergências são resolvidas pacificamente e pela diplomacia, não pela morte e destruição. (...) Portanto, usaremos a nossa presidência para garantir que a verdade seja ouvida sobre os crimes de guerra da Rússia e, mais uma vez, exortarmos a Rússia a encerrar a guerra para que a Ucrânia possa regressar à paz", apelou a embaixadora.

Este debate ocorrerá precisamente nas vésperas do fim do prazo do chamado acordo dos cereais do Mar Negro, cujo possível prolongamento é incerto e encarado com algum pessimismo pela diplomata britânica.

A embaixadora criticou a atitude da Rússia de constantemente ameaçar não renovar o acordo sempre que o seu término se aproxima, o que inevitavelmente leva a tensões no mercado que elevam os preços dos alimentos.

"A Rússia anda a brincar com a comida posta na mesa das pessoas", disse Woodward.

Em relações às questões do Médio Oriente, o programa mensal inclui reuniões sobre a Síria, Irão, Iémen, Líbano e Palestina.

A situação na África Ocidental, no Sudão e a renovação do regime de sanções à República Centro-Africana também serão abordadas em julho.

O Conselho de Segurança também deverá realizar uma reunião sobre a situação no Haiti e votar a renovação do mandato do Escritório Integrado das Nações Unidas no país (BINUH).

O Reino Unido é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e detém poder de veto.