A lista dos 34 ignora 13
Reina alguma estupefacção em hostes do PSD que não viram cumpridas promessas. Mas também alegria incontida em quem chegou a despedir-se sem ter para onde ir
Boa noite!
Se a sondagem sobre as intenções de voto para as Regionais fosse feita hoje, depois do PSD-M ter apresentado a lista de candidatos da coligação 'Somos Madeira', os números seriam outros. Simplesmente porque reina alguma estupefacção em determinadas hostes que, por incrível que pareça, não surpreende!!!
Vamos por partes:
. A lista foi aprovada por unanimidade. Mas não se sabe se com ou sem aclamação. Aliás, a forma como alguns saíram da reunião destinada a cumprir a “formalidade” – como reconhece o próprio partido – não abona nada a favor da aparente satisfação. Não foram poucos os que deixaram a Rua dos Netos como se fossem avôs!
. A lista oficial partilhada pelo partido está incompleta. Tem apenas 34 nomes quando devia ter 47 efectivos e outros tantos suplentes. Trata-se duma desconsideração para o CDS que apresentou seis nomes titulares e não vê aparecer na convocatória oficial Luís Miguel Rosa e Ana Cristina Monteiro. Trata-se de uma omissão sem precedentes, mesmo que os restantes 13 efectivos, como aconteceu com alguns dos já anunciados, não tivessem recebido qualquer telefonema do líder que por vezes promete e não cumpre. Para quem tem dúvidas, recordamos aqui a listagem do PSD de há quatro anos.
. José Luís Nunes, actual presidente da Assembleia Municipal do Funchal, é o terceiro da lista que tem um pendor futurista. Sem surpresa. A 24 de Setembro também se vota a pensar nas eleições de 2027. Só não vê quem não quer.
. José Prada, Jaime Filipe Ramos e Rubina Leal continuam no topo e pela mesma ordem na lista. Têm estatuto de intocáveis, dado os cargos que ocupam. A seguir é que são elas. Mas antes ainda há Bruno Melim, o líder da JSD, que também não é beliscado, embora surja em oitavo. Mas sobretudo o regresso daquele que nunca foi, porque simplesmente não tinha para onde ir. Carlos Rodrigues é o sétimo. Há quatro anos era o 23.º. Uma promoção a preceito depois daquela despedida inequívoca e quase que irrevogável que se provou ser encenada. E assim, na secretaria, CR0 chega a CR7!
. Há uma clara supremacia de Câmara de Lobos em relação a Santa Cruz. Pedro Coelho surge antes de Brício Araújo. Será por ser autarca no poder num bastião social-democrata? Não. O mesmo critério não é seguido em relação à Calheta. Carlos Teles vem depois da machiquense Cláudia Gomes. Mas essa não é a única desfeita em relação ao segundo concelho mais numeroso da Região. É que Câmara de Lobos mete outros dois candidatos antes do segundo de Santa Cruz.
. A Ribeira Brava é outro fenómeno de preferência questionável. Tem Clara Tiago em 9.º e Ricardo Nascimento em 14.º. Só depois vem em 15.º Rui Marques, da Ponta do Sol, em 17.º Cláudia Perestrelo, de Santana e em 18.º o vicentino José António Garcês. Qual foi o critério?
. José Manuel Rodrigues foi relegado para 15.º, embora em lugar elegível. Por isso, os que já se gabam de ter afastado o Presidente do Parlamento, alegadamente por ordem superior, que aguentem até, pelo menos, às contagens dos votos.
. Do Porto Santo chega uma aposta que vai dar que falar. Alguém tramou Bernardo Caldeira e garantidamente não foi Nuno Baptista. Carla Rosado entra na lista pela mão de quem? E já agora, é ou não verdade que ponderou apresentar a demissão da Assembleia Municipal?
. O Porto Moniz fecha a primeira volta à ilha da lista com Valter Correia a surgir em 20.º. A escolha até pode ser pacífica, mas não tinham prometido um lugar no hemiciclo ao dedicado Raimundo Silva que safou o partido do vazio nas últimas autárquicas?
. A emigração deu um trambolhão. Carlos Fernandes que foi 10.º em 2019 surge em 21.º. Não foi o único. Conceição Pereira que foi a quarta candidata em 2019 surge agora em 26.º. Há prémios que mais parecem castigo, sem justificação plausível aparente. Mas se há, então convém abrir o livro.
. De resto, há pouco a dizer de uma lista com muita influência do líder parlamentar. Em caso de vitória, da mesma devem sair os dois primeiros para o governo e os quatro presidentes de Câmara premiados só devem ocupar lugares após 2025. Assim sendo, no pior dos cenários, com 24 deputados eleitos, há vaga para mais um centrista e cinco social-democratas. Mas se a coligação eleger 28 deputados há lugar no Parlamento para os 34 indicados hoje.
Dá para todos, mas o que hoje se soube obriga a oposição a fazer melhor. Resta saber é se tem trunfos para dar cabo de tanta bisca.