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Jejum intermitente

Um dos problemas que aflige o mundo, actualmente, é a “pandemia” da obesidade. Uns mais do que outros, quase todos (senão todos) os países têm de lidar com essa situação que se traduz por um grave problema de Saúde Pública.

Seja por marcação genética, desequilíbrio emocional, maus hábitos alimentares ou falta de exercício, é um facto indiscutível que uma avassaladora maioria de pessoas sofre de aumento de peso que pode ir desde uma situação com expressão ligeira que afecta sobretudo a imagem que cada um tem de si e suscita reparos por parte da sociedade, até a obesidade mórbida que é, objectivamente, um grave problema de saúde, para além de constituir um pesado encargo financeiro para os serviços de saúde e, consequentemente, para os orçamentos dos países.

Eu próprio, tenho uma marcação genética que faz com que aumente de peso com muita facilidade. Como sempre prezei o meu corpo (até por respeito aos outros), ao longo da minha vida fui experimentando as mais diversas “dietas” que, não raras vezes, eram mais modas do que atitudes cientificamente fundamentadas. Os resultados raramente corresponderam aos meus desejos, senão de imediato, pelo menos a médio prazo. O chamado “efeito ioió”.

Há cerca de quinze anos, no meio de uma pesquisa que estava a efectuar por outras razões, deparei-me com o conceito de “jejum intermitente”.

O jejum intermitente é um padrão alimentar que alterna períodos de jejum com períodos de alimentação. Pesquisando um pouco mais, verifiquei que as razões que o fundamentavam me pareciam razoáveis e cientificamente defensáveis. Sigo-o, desde essa altura, com excelentes resultados.

Efectivamente, o nosso organismo, por razões históricas, está preparado para períodos de escassez alimentar. Nem sempre houve supermercados ao virar da esquina.

Os nossos ancestrais, caçadores-recolectores, quando conseguiam uma preza, garantiam comida para os seus. Não havendo frigoríficos, comiam o mais que podiam, porque não sabiam quando iriam ter a sorte de arranjar comida outra vez.

Actualmente, diferentes protocolos de jejum intermitente − o método 16/8 (16 horas de jejum e 8 horas de janela de alimentação), o jejum de 24 horas uma ou duas vezes por semana, e outros.

Estudos recentes, demonstram que há vantagens neste regime alimentar.

Para além de ser um óptimo método de controlo do peso (aumenta a queima de gordura, promovendo a utilização de gordura armazenada como fonte de energia durante o jejum), melhora a sensibilidade à insulina (importante para quem sofre de diabetes tipo II), reduz os factores de risco cardiovascular (níveis de colesterol, pressão arterial e inflamação), aumenta a produção de hormona de crescimento (HGH − que desempenha um papel importante na queima de gordura, na construção muscular e na regeneração celular),melhora a função cerebral (aumentando a produção de fatores neurotróficos, que promovem o crescimento e a sobrevivência das células cerebrais) e fortalece o sistema imunológico.

Para além disso, é relativamente fácil de a ele aderir: não impõe restrições rígidas aos tipos de alimentos consumidos, mas sim aos horários de alimentação e permite fazer a vida habitual, mesmo durante o período de jejum, incluindo o exercício físico.

É importante ressaltar que o jejum intermitente pode não ser adequado para todos. Pessoas com histórico de distúrbios alimentares, mulheres grávidas ou lactantes, pessoas com diabetes tipo I ou outras condições de saúde, devem consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tipo de jejum intermitente. Além disso, é fundamental manter uma alimentação equilibrada e saudável, durante os períodos de alimentação, para garantir a ingestão adequada de nutrientes.