Médicos portugueses realizam pela primeira vez biopsia prostática ecoguiada na Guiné-Bissau
Uma equipa de médicos portugueses da organização não-governamental (ONG) Saúde Sabe Tene está a realizar, pela primeira vez, biopsias prostáticas ecoguiadas na Guiné-Bissau, numa iniciativa que o líder do grupo, Fortunato Barros, disse ser "muito importante e necessária".
A ONG Saúde Sabe Tene ("É bom ter saúde") constituída por médicos de origem guineense, mas a trabalhar em Portugal, e colegas portugueses, têm realizado regularmente missões à Guiné-Bissau para efetuar consultas e cirurgias aos pacientes do país africano.
Naquela que Fortunato Barros observou ser a 19.ª missão e que desta vez se concentra apenas no Hospital Nacional Simão Mendes, a principal unidade médica do país, a equipa da Saúde Sabe Tene trouxe 15 técnicos, entre os quais cinco médicos urologistas.
Integram ainda a equipa portuguesa, quatro enfermeiros, três anestesistas e dois cirurgiões gerais que estão a atender casos urgentes no Simão Mendes, notou.
Fortunato Barros considera a missão "especial" por ser realizada conjuntamente com a Associação Portuguesa de Médicos Urologistas.
Durante a missão de uma semana, a equipa portuguesa irá aplicar pela primeira vez na Guiné-Bissau a técnica de cirurgia endoscópica "para tratar apertos da uretra, tumores na próstata e da bexiga", adiantou Fortunato Barros.
"Trouxemos o equipamento todo de Portugal precisamente para dar o arranque nesta área muito importante e muito necessário (...) também serão feitas biopsias prostáticas ecoguiadas, que também não existe na Guiné-Bissau e ecografia transretal que também não existe na Guiné", precisou o líder da ONG.
Só no domingo, primeiro dia da missão, foram operados 13 doentes, mas Fortunato Barros espera que até sexta-feira possam ser atendidos, pelo menos, um total de 40 doentes com problemas ligadas à próstata, bexiga e uretra.
O problema, disse ainda Fortunato Barros, tem sido a falta de técnicos guineenses que atualmente se encontram de greve no Simão Mendes o que, notou, faz com que sejam os elementos da equipa portuguesa e alguns locais a se dedicarem a outros serviços.
"Nos é que temos feito tudo. Empurrar macas, fazer o trabalho que os técnicos que estão em greve deviam fazer (...) nós é que andamos com a cadeira de rodas, com maca para a enfermeira ir ao serviço de sangue, a esterilização está a ser assegurada pelos nossos enfermeiros", destacou o líder da Saúde Sabe Tene.
Fortunato Barros faz questão de destacar o papel da equipa de cirurgia do Simão Mendes, "mesmo com a greve de técnicos" daquele hospital, pelo apoio que tem prestado à equipa portuguesa.
Paralelamente, a missão portuguesa irá realizar várias sessões de formações e de trocas de experiências com os colegas guineenses, nomeadamente um 'workshop', na terça-feira, no Centro Cultural Português de Bissau, sobre doenças de uretra e da próstata.
Se tudo correr como previsto no plano de atividades da ONG portuguesa, a próxima missão à Guiné-Bissau terá lugar entre setembro ou outubro, indicou Fortunato Barros.