Chega considera que medidas do Banco de Portugal não são benéficas para o cidadão
O Chega diz encarar com cepticismo as medidas anunciadas pelo Banco de Portugal e aponta as consequências que as mesmas vão ter para os cidadãos. Em causa está uma revisão da fórmula de cálculo da taxa de esforço para a concessão de crédito à habitação, algo que deverá acontecer até ao final do ano. Tal foi anunciado pela vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, numa entrevista ao ‘Jornal de Negócios’ e à ‘Antena 1’.
Clara Raposo antecipou que o nível de ‘stress’ extra aplicável nos testes possa baixar dos actuais 3%, já que, quando a medida foi criada, no ano de 2018, os juros de referência do Banco Central Europeu estavam negativos. A mudança só será aplicável a novos empréstimos e poderá, segundo a opinião da vice-governadora, levar a uma maior concessão de crédito às famílias.
Miguel Castro afirma que esta não é uma solução digna e eficaz para a crise financeira e habitacional que "já se faz sentir, em especial na Região Autónoma da Madeira, onde um número cada vez maior de famílias está em risco de não conseguir pagar os seus empréstimos e a grande maioria dos jovens não consegue reunir as condições que lhes são exigidas pelos bancos para comprarem a sua primeira habitação".
A medida que o Banco de Portugal anuncia é uma falácia autêntica e não constitui uma solução para o drama que muitas famílias enfrentam e que muitas mais estão em vias de enfrentar devido ao aumento desumano nas taxas de juro. Aliás, o que o Banco de Portugal está a fazer é a branquear o endividamento das famílias, a dar margem para que as mesmas aprofundem a sua dependência quanto ao poder económico e à banca e a passar totalmente ao lado do âmago da questão, que são os salários baixos com que muitas famílias têm de viver e as pensões vergonhosas que o Estado paga a tantos reformados, as quais não resistem aos aumentos brutais que temos vindo a sentir nas prestações do crédito imobiliário. Miguel Castro
O líder do Chega-Madeira afirma ser desastroso "que o Banco de Portugal, que deveria ser o garante do bom senso e do regular funcionamento da banca nacional, não tenha assumido a postura humanista que lhe compete, mas, em vez disso, tenha escolhido perpetuar a conivência hipócrita que está instalada entre a banca e poder político".
"Enquanto milhares de famílias sofrem, sacrificam-se e estão a atingir um estado de desespero, a banca nacional regista lucros de 10,7 milhões de euros por dia. Face a isto, o Banco de Portugal, com toda a desfaçatez, escolhe colocar as pessoas ainda mais com a corda à volta do pescoço, em vez de fazer o óbvio, que era obrigar os bancos portugueses a renegociar os créditos à habitação, baixando as taxas de juro que estão a cobrar às pessoas", indica.
Para o presidente do CHEGA-Madeira e cabeça de lista às próximas eleições legislativas, a questão dos créditos à habitação é especialmente premente na Madeira, uma vez que é uma das zonas mais caras do país e uma onde os cidadãos estão a ser empurrados para fora das cidades pela especulação selvagem e descontrolada dos agentes imobiliários. “Por muito triste que pareça, o que o Banco de Portugal está a fazer é a apresentar como solução uma estratégia que só vai agravar a vida dos cidadãos a longo prazo, pois não erradica, de todo, o problema fundamental. Muito infelizmente para os madeirenses e porto-santenses, a sensação que fica é que estamos cada vez mais sozinhos na luta contra o drama da habitação, pois as instituições bancárias, muitos políticos e, agora, o Banco de Portugal, negligenciaram por completo o seu papel na defesa dos cidadãos e do Bem Comum.”