Bolsa de Valores pode ser alternativa de financiamento para portugueses na Venezuela
O presidente da Câmara Venezuela Portuguesa de Comércio dos Altos Mirandinos, a sul de Caracas, defendeu que a Bolsa de Valores pode ser uma alternativa de financiamento que os portugueses necessitam para desenvolver os seus negócios e investimentos.
"Em Los Altos Mirandinos há muitos comerciantes portugueses e os bancos já não estão a conceder empréstimos como antes (...) entra por isso a Bolsa de Valores. A Câmara de Comércio faz uma aliança entre os comerciantes e a Bolsa de Valores e eles podem tomar os empréstimos e assim avançar com as suas empresas", disse José Carlos Gouveia Martinho.
O responsável da Câmara Venezuela Portuguesa de Comércio Indústria, Turismo e Afins dos Altos Mirandinos (Cavenport, a sul de Caracas) falava à Lusa à margem do 1.º Fórum de Financiamento Empresarial -- Miranda 2003, que decorreu em Los Teques e durante o qual foram analisadas as alternativas de financiamento para comerciantes, agricultores e floricultores portugueses.
Segundo José Carlos Gouveia Martinho, os bancos venezuelanos estão agora "muito cautelosos sobre a quem vão prestar o dinheiro" e os portugueses podem aproveitar a Bolsa de Valores que "tem mecanismos para trabalhar em que há mais confiança e formas de emprestar o dinheiro".
"Há muitos comerciantes portugueses que tinham os seus comércios muito fortalecidos, mas quando chegou a pandemia (da covid-19), muitos registaram quedas. Agora estamos novamente a avançar", disse.
Por isso, instou os portugueses a inscreverem-se na Câmara, "para poder fazer um trabalho em conjunto sobre os comerciantes e ajudá-los com o financiamento, para que todos ganhem".
O processo, disse, passa "por analisar as necessidades dos comerciantes, saber se necessitam exportar ou importar, se não têm recursos para comprar alguma mercadoria" e aí é feita "uma aliança entre bancos e a empresa, mais a Câmara, para que o comerciante possa, a longo prazo, progredir" no negócio.
Por outro lado, Stephany Suarez, presidente da Interbono Casa de Bolsa, explicou que há vários "instrumentos que permitem aos empresários e empreendedores financiarem-se através do mercado de valores".
"Nas casas de bolsa temos a tarefa de estruturar esses serviços e dar aos empresários as respostas à sua necessidade", disse à Lusa, precisando que a entidade reguladora "flexibilizou os requisitos, dispensando as classificadoras de risco e algumas auditorias".
Sublinhou ainda que os portugueses têm à disposição 36 Casas de Bolsa na Venezuela.
No evento esteve José Morales, o presidente da Câmara Municipal de Carrizal, localidade onde prevalece o comércio, a indústria e a manufatura.
"Vemos com beneplácito esta atividade da Câmara, para incentivar e ensinar aos empresários, investidores, e empreendedores o caminho correto para procurarem financiamento e assessoria", explicou à Lusa.
Segundo José Morales, se os municípios tiverem empresários de sucesso, vão também ter riqueza para "levar políticas sociais à população".
"Eu sou muito solidário com os portugueses que são muitos no meu município. Tenho que dizer com orgulho que inclusive temos até um sacerdote português, que em Carrizal está a sede do Consulado Honorário de Portugal dos Altos Mirandinos e a única réplica do santuário da Virgem de Fátima no mundo".
Por outro lado, Pedro Gonçalves, cônsul honorário de Portugal em Los Teques, explicou que "os portugueses são uma comunidade de trabalho e de esperança".
"A nova direção da câmara teve a iniciativa de unir as câmaras de Agricultura, de Floricultura e os portugueses. Hoje temos a presença de autoridades venezuelanas reconhecendo o trabalho dos portugueses na nossa agricultura, no comércio, na floricultura, e na indústria", disse.
Segundo o responsável, em Los Altos Mirandinos residem "mais de 30 mil portugueses, pessoas muito dinâmicas".
Sara Medina, diretora geral da Câmara Municipal de Los Salias, explicou à Lusa que "o setor do comércio e da indústria representa 80% da cobrança municipal e a comunidade portuguesa tem um papel exemplar e preponderante no desenvolvimento e dinamismo local do município, cuja população passou de ser agrícola, a urbana e residencial".
"Precisamos que o comércio cresça, que a indústria prospere, porque teremos mais recursos para dar qualidade de vida à população", concluiu a responsável.