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Forças especiais britânicas acusadas de executar 80 civis afegãos entre 2010 e 2013

Foto Shutterstock
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Militares do Serviço Aéreo Especial (SAS, forças especiais britânicas) executaram sumariamente 80 civis afegãos entre 2010 e 2013, asseguraram no domingo os advogados que representam as famílias das vítimas no âmbito de uma investigação iniciada pelas autoridades de Londres.

Um dos soldados terá "matado pessoalmente" 35 afegãos em apenas seis meses de serviço nos termos de uma política para acabar "com todos os homens em idade de combater" nas casas em que irrompiam e "independentemente da ameaça que implicassem", segundo a denúncia apresentada pelos causídicos, citada por 'media' britânicos.

Muitos destes afegãos eram assassinados após serem encontradas armas e depois de serem separados das famílias, mas em cinco incidentes o número de mortos ultrapassa o número de armas encontradas, indicou o diário britânico The Guardian.

Estas acusações estão incluídas numa denúncia elaborada pela sociedade de advogados Leigh Day e baseada em informações recentemente publicadas pelo Ministério da Defesa britânico, e será considerada numa nova investigação que foi iniciada sobre alegados crimes de guerra perpetrados por militares das SAS no Afeganistão.

Os militares da SAS, integrados na força da NATO no Afeganistão, efetuavam regularmente incursões noturnas em casas de famílias afegãs em busca de combatentes talibãs na província de Helmand, onde permaneceram até 2014 e onde se verificou "um padrão generalizado e sistemático de execuções extrajudiciais".

Em paralelo, os advogados denunciam que "se registou um amplo encobrimento [da situação], a vários níveis e que se prolongou durante anos", envolvendo altos cargos oficiais, relacionados com diversas investigações entretanto iniciadas.

Neste sentido, os advogados indicam que a Polícia Militar terá sido ordenada pelo SAS a eliminar "permanentemente" uma "quantidade desconhecida de dados".

Numa resposta ao jornal The Guardian, um porta-voz do Ministério da Defesa britânico afirmou que não era apropriado "o ministério comentar casos que são objeto de uma investigação liderada pelo juiz Haddon-Cave, quem decide quais as acusações a investigar".